Venda de carros importados em janeiro atinge nível recorde na década


GIULIANA VALLONE
da Folha Online

A proporção de veículos importados nas vendas no Brasil atingiu em janeiro o seu maior nível desde ao menos o início da década, informou nesta quinta-feira a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Entre as unidades comercializadas no mês passado, 20,1% vieram do exterior, somando 42.981 unidades.

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O aumento das importações, acompanhada de uma queda nas exportações em decorrência da crise financeira global, já tinha feito o Brasil importar em 2009 mais veículos do que exportou pela primeira vez em 14 anos. A tendência deve se repetir neste ano, de acordo com as previsões da Anfavea.

O número de veículos vindos do exterior deve fechar o ano, de acordo com a entidade, com aproximadamente 580 mil unidades, contra 488,9 mil no ano passado. Já as exportações somarão 530 mil veículos.

Em janeiro, o mercado automotivo ainda apresentou um sinal de mudança: as exportações de veículos atingiram 44.828 unidades –1.847 a mais do que as importações. Mas não foi o suficiente para mudar a percepção da Anfavea para este ano.

“Isso pode ser o início de uma reação, mas temos que esperar mais um pouco”, afirmou o presidente da Anfavea, Jackson Schneider. Ele ressaltou que, mesmo com a recuperação da economia global, as vendas externas de automóveis brasileiros podem não retornar aos patamares anteriores à crise.

“Nós deixamos de vender porque os tradicionais mercados deixaram de comprar. O que está acontecendo agora é que se vislumbra algum tipo de recuperação nesses mercados. O tamanho e a intensidade exatos dessa recuperação a gente vai ter que esperar para saber”, disse.

Em 2009, as exportações totais de veículos somaram 475,3 mil unidades, contra 734,6 mil em 2008. As previsões da Anfavea para 2010 apontam um crescimento de 11,5% contra o ano anterior, mas uma queda de 38% ante 2008 –ano que o setor automotivo quebrou vários recordes.

Schneider ressaltou que a recuperação das exportações para esses patamares vai depender das taxas de câmbio nos próximos meses. Segundo ele, o real valorizado prejudica a competitividade dos produtos brasileiros no exterior, já que com a moeda valendo mais, os produtos ficam mais caros para quem importa. O mesmo motivo se aplica ao grande aumento das importações no Brasil ao longo de 2009, pois os veículos fabricados no exterior são trazidos ao país com um custo menor.

Fonte: Folha Online