Venda de carros usados garante lucratividade para concessionárias

Disputa com revendedoras independentes está mais acirrada.

Agência O Globo – 3/9/2008
SÃO PAULO – Os carros usados ganham cada vez o centro das atenções das concessionárias. Como a margem de lucro com a venda de novos é baixa, em especial nos modelos de entrada, os pontos de vendas “oficiais” de carros zero quilômetro das montadoras investem cada vez mais em negócios alternativos para garantir a sobrevivência no mercado. O resultado é o aumento da disputa entre as concessionárias e as revendedoras independentes.

“Faz uns três anos que as concessionárias têm crescido realmente no mercado de usados”, afirma o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos do Estado de São Paulo (Assovesp), George Assad Chahad. Segundo Chahad, a atuação das concessionárias representava 5% do mercado de usados, enquanto as revendedoras independentes ficavam com 70%. Hoje, elas já possuem 20% de participação e as independentes 55%. O resto fica com as negociações informais.

O que torna o carro usado um negócio tão atrativo é a margem de lucro que ele pode oferecer. Apesar de a venda principal de uma concessionária ser o veículo novo, a maior parcela do lucro vai para as montadoras. Como muitas vezes as lojas precisam dar descontos e taxas especiais para garantir a competitividade – o que diminui ainda mais o retorno financeiro -, resta ao concessionário valorizar o usado. E isso é feito tanto na hora que o cliente troca por um novo como no repasse para outro cliente. Enquanto a concessionária ganha com uma margem de lucro maior, o consumidor tem a garantia do veículo e condições especiais de compra.

Na opinião do presidente da Assovesp, a concorrência com as grandes redes não é predatória, entretanto, elas prejudicam as independentes por causa das facilidades que possuem com a troca de usados por veículos novos e os benefícios disponibilizados pelos bancos das montadoras.

“Os bancos das montadoras facilitam os negócios, subsidiam a taxa de juro, coisa que dependemos das financeiras independentes”, explica. Entretanto, para o presidente da Assovesp, os grandes concorrentes do segmento são o mercado informal, as feiras e os leilões. “Nesses casos a concorrência é desleal, eles não têm as mesmas despesas que a gente”, acrescenta.

Diversificação

Para o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sérgio Reze, as concessionárias deveriam assumir com mais determinação o mercado de usados. “O segmento de usados é três vezes maior que o de novos”, observa Reze. “Enquanto o objetivo das montadoras é buscar energias alternativas, nosso objetivo é achar negócios alternativos”, ressalta o especialista.

O grupo Chevrolet Viamar, na Grande São Paulo, tornou-se especialista na triagem de veículos usadas que foram utilizados como parte do pagamento de veículos novos. De acordo com o gerente geral de usados da Viamar, Ricardo Sanchez, o negócio representa cerca de 20% do faturamento bruto do grupo.

“A venda de usados é fundamental para a sobrevivência da concessionária no mercado. A maioria das negociações dos carros novos é feita com a troca do carro. Então, a opção do grupo é aproveitar ao máximo todas essas trocas. Na triagem, existem carros com excesso de uso, que vão para a revenda independente, mas os que apresentam qualidade dentro do nosso padrão ficam e são reparados”, comenta Sanchez

Fonte: Diário do Comércio