Vendas estão estáveis, apesar do alarmismo

Primeiro semestre assinalou recordes históricos mensais, com crescimento de 30%

Texto: Joel Leite

(21-10-08) – Eu estou ouvindo por aí que o mercado de carros está em forte queda, resultado da crise econômica mundial.

Me pareceu um exagero, então fui em busca dos números de venda neste mês. Surpresa: até segunda-feira as vendas registravam crescimento em relação ao mesmo número de dias úteis de outubro de 2007. Um crescimento muito pequeno, é verdade, de pouco mais 1%. Mas a situação está infinitamente melhor do que os alarmistas estão pregando por aí.

Um executivo de uma montadora me disse que isso pode ser gente plantando notícia ruim, pra tirar proveito da crise. Ele mesmo informou que as vendas da sua marca estão estáveis, sem o crescimento exponencial do primeiro semestre, mas longe de uma retração.

O primeiro semestre assinalou recordes históricos mensais, um crescimento de 30%. E o próprio presidente da Anfavea, Jackson Schneider, já previa um crescimento menor do segundo semestre. Isso antes da crise! Essa desaceleração do crescimento veio em função da base muito alta no segundo semestre do ano passado.

O mercado está se comportando exatamente como previam as montadoras no início do ano.

Até segunda-feira (20) foram vendidos 149.142 veículos automotores, ante 147.652 unidades no mesmo período de outubro do ano passado.

O número de vendas diárias este mês é de 10.653 unidades, o que projeta um volume de vendas no fechamento do mês de 245.019. Em outubro do ano passado foram vendidos 244.457 veículos.

O mercado, portanto deve ter uma queda em relação a setembro (268.170 unidades), mas crescimento em relação a outubro do ano passado.

A crise mundial deverá ter algum efeito no Brasil, mas parece pensamento unânime que não causará grandes danos, como em outros países. Além disso, algumas empresas estão tomando precauções, com reduções de produção pontuais.

A GM deu férias para trabalhadores de uma linha de produção voltada para a exportação. Nesta semana, a Honda deu férias parciais para 2.300 funcionários (são 10 mil no total), como medida preventiva, temendo uma diminuição de crédito. São férias de dez dias, com a produção devendo voltar ao normal no dia 1º de novembro. Neste período a unidade deixará de produzir 40 mil motos. A Toyota também está preocupada, mas com as exportações e não com o mercado interno.

Mesmo que o mercado não cresça nenhum ponto percentual nos dois últimos meses do ano, o setor vai fechar com uma alta de 19% sobre 2007, ano que não teve nenhuma crise. Nada mal, heim?

Fonte: Webmotors