VW SP2: a história e todos os detalhes do cupê esportivo dos anos 70

VW SP2: a história e todos os detalhes do cupê esportivo dos anos 70

Fonte /  Noticias Automotivas

O VW SP2 surgiu no início dos anos 70, quando a Volks decidiu entrar de vez no jogo do carro-esporte. Assim nasceu um dos ícones de estilo da marca, elogiado ainda hoje como um dos mais belos (alguns dizem ser o mais belo) da história do fabricante.

O SP2 surgiu da necessidade de atender um consumidor mais exigente num momento da história do país, que é conhecido como “Milagre Brasileiro”, onde o consumo aumentou bastante com o crescimento econômico.

Assim, para suceder os modelos da Karmann-Ghia, a Volkswagen do Brasil resolveu desenvolver seu próprio carro, chamado então de projeto X, que envolveu o presidente Rudolf Leiding e sua esposa Helga Leiding.

Com a mão do renomado e saudoso designer brasileiro Márcio Piancastelli, que teve ainda apoio dos também famosos José Vicente Novita Martins, Jorge Yamashita Oba e Antonio Carlos Martins.

VW SP2: a história e todos os detalhes do cupê esportivo dos anos 70

O VW SP2 foi um marco na independência da filial brasileira em relação à matriz e da capacidade dos projetistas nacionais em desenvolver um carro que ainda é admirado em diversos lugares do mundo.

Esse cupê esportivo da VW ainda gerou duas variantes, sendo que uma delas não foi oficialmente produzida, mas acabou indo parar no mercado de carros fora-de-série, que era forte naquela época.

Utilizando a mecânica dos Volkswagen Variant, o SP2 tinha tudo para ser um carro bem vendido, inclusive um design para arrebatar corações, porém, sua mecânica de baixa performance virou até motivo de piada.

A VW ainda tentou mudar esse ponto, mas o estrago já havia sido feito e o SP2 foi um dos carros que menos duraram no mercado brasileiro, tendo sido feitos apenas 11.123 unidades, cujos remanescentes hoje, possuem preços bem elevados.

VW SP2

VW SP2: a história e todos os detalhes do cupê esportivo dos anos 70

A designação do VW SP2 deveria significar Sport Prototype ou Special Project, mas era uma abreviação de “São Paulo”, homenagem ao estado onde ficava a montadora alemã.

Naquela época, até mesmo a heráldica de São Bernardo do Campo, cidade-sede da VW do Brasil, era ostentada em volantes dos carros da marca, assim como o brasão de armas do Castelo Wolfsburg, onde ficava a matriz.

Paulista até no nome, o VW SP2 começou a ser projeto em 1969, liderado por Piancastelli, que trabalho no design do carro, tendo ainda uma equipe de engenheiros para criar um modelo capaz de bater o fora-de-série Puma GT.

Este esportivo de fibra de vidro e mecânica da própria VW, estava fazendo enorme sucesso, sobrepujando o clássico Karmann-Ghia da Volkswagen, feito alguns quilômetros da histórica fábrica da Anchieta. Era o único “de fábrica”.

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Assim, o chamado Projeto X foi feito secretamente dentro da VW e se utilizou da arquitetura do Typ 3 para compor sua base, que inclusive mantinha os 2,400 m de entre eixos, padrão da marca.

O projeto envolvia um cupê de capô longo e posição de dirigir recuada, tendo espaço primordialmente para dois, além de motor traseiro boxer “plano” (usado nos TL e Variant) 1600 a ar.

Baixo, o VW SP2 deveria agregar ainda o estilo vigente na época, mas ainda oferecer algum conforto e tocada mais esportiva, apesar da baixa potência.

O SP2 demorou três anos e foi apresentado no Salão do Automóvel de 1972, já com o visual da atualização dos modelos TL e Variant, o mesmo que viria a equipar também a Brasília, um ano depois.

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Na ocasião, ainda existia o Karmann-Ghia TC, que tinha estilo próprio, inspirado no Porsche 911. O SP2 chegou nas versões SP1 com motor 1600 e SP2 com motor 1700 a ar.

Ainda no projeto, ficou claro que apenas o motor boxer 1600 de 65 cavalos brutos não seria suficiente para os mais exigentes, daí surgiu a ideia de se fazer um motor maior, um 1700 com 75 cavalos.

Logo, o SP2 já não era mais suficiente para atender os exigentes, mas a VW desistiu de tentar repotencializar o esportivo, mas a ideia de um SP3 foi aproveitada por um ex-revendedor da Porsche, a Dacon.

Esta desenvolveu um kit de conversão para SP1 ou SP2, que adicionava o motor 1.8 refrigerado à água na traseira, além de mudanças estéticas, mas o produto não passou do protótipo.

VW SP2 – Estilo

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O VW SP2 tinha um bom apelo visual, tendo a frente semelhante aos modelos TL e Variant, que estavam sendo atualizados no mesmo momento do lançamento do esportivo.

A estética se preocupava mais com a beleza do que com a aerodinâmica, uma vez que a frente era de certa forma alta, tendo a parte inferior curvada para dentro, deixando enorme fluxo de ar passar por baixo.

Nessa parte, ficavam duas buzinas expostas. Além disso, o VW SP2 tinha para-choque de uma lâmina com acabamento preto e extremidades envolventes e altas. O protetor incorporava os piscas.

Os quatro faróis em molduras cinzas eram os mesmos de TL e Variant, tendo ainda a parte central com logotipo VW e friso cromado, sem qualquer entrada de ar. No para-brisa, o limpador era pantográfico.

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A frente era levemente inclinada para frente e o capô era bastante longo, limitando-se à proximidade do frontal. Com isso, a cabine era recuada, tendo colunas A bem inclinadas e colunas C largas e envolventes, tendo ainda vigias arredondadas.

Nas portas do VW SP2 haviam maçanetas cromadas e embutidas, assim como os batentes dos vidros. Aliás, as janelinhas traseiras eram basculantes.

Faixas decorativas vermelhas se mesclavam com os protetores pretos laterais e, não coincidentemente, eram as cores da bandeira do estado de São Paulo. As rodas eram de aço com aro 14 polegadas e o famoso “copinho” na ponta de eixo.

Esse conjunto rodante seria o mesmo empregado na Brasília, porém, no SP2, era montado com pneus 185/80 R14. Ou seja, eram pneus bem altos para um carro esportivo, mas na época era aceitável.

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O VW SP2 tinha grandes entradas de ar laterais nas colunas C, que eram bem inclinadas e portavam uma tampa com vigia integrada, que dava acesso ao diminuto espaço atrás dos bancos e ao motor.

Nessa tampa traseira, ficava o bade “VW SP2” cromado, mas estilosas mesmo eram as lanternas retangulares e envolventes, sendo estas bem afiladas e quase ocultas sob a curvatura da carroceria.

Elas se integravam às faixas laterais e terminavam em dois batentes emborrachados que serviam de para-choque, tendo entre eles a placa de identificação do veículo com duas luzes.

Abaixo, existia uma enorme grade metálica envolvente, que escondia o silencioso do SP2, assim como parte do escape, que tinha ponteira lateral cromada. O esportivo não tinha faróis auxiliares, tendo também apenas um retrovisor cromado.

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Por dentro, o VW SP2 era um carro-esporte que realmente fazia jus à proposta. Tinha revestimento central do painel em cor laranja, contendo velocímetro com hodômetros parcial e total, bem como conta-giros até 6.000 rpm.

Estes dois ficavam atrás do volante, que era de três raios com acabamento em Tecido ecológico e raios metálicos. Ao centro do painel, ficavam quatro mostradores menores, sendo eles nível de gasolina, temperatura do óleo, voltímetro e relógio.

As posições das marchas iam entre os instrumentos agrupados, tendo logo abaixo, um rádio toca-fitas AM-FM, simplesmente um luxo para a época. Botões de faróis, limpadores e alerta ficavam mais para baixo.

Tendo console integrado ao túnel, o SP2 contava com porta-luvas com tampa e chave, num conjunto separado, indicando assim a prioridade do painel para o motorista. Havia ainda uma alça acima para mão.

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No túnel, um cinzeiro com tampa e alavanca de câmbio curta com capa de tecido ecológico e pomo de madeira, mesmo acabamento do freio de mão. Junto deste, havia uma pequena alavanca para abertura da tampa traseira, que não tinha puxador.

Com bancos esportivos envolventes, o SP2 apresentava acabamento em Tecido sintético ou tecido sintético-vinil preto neles, que tinham ainda apoios de cabeça integrados, lembrados recentemente nos Polo GTS e Virtus GTS.

As portas vinham no mesmo padrão, com tecido sintético e vinil, sendo que maçanetas e manivelas tinha acabamento cromado, assim como o estiloso acendedor de cigarros na porta do passageiro. Havia ainda ventilador de série.

Atrás, o assoalho sobre o motor era acarpetado e tinha duas cintas afiveladas para prender objetos, já que o porta-malas dianteiro contava apenas com 141 litros, com o traseiro tendo 205. Todo o acabamento de teto e colunas era preto no SP2.

VW SP2 – Motor

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Como o VW SP2 era baseado na plataforma dos TL e Variant, seu motor era o conhecido boxer de quatro cilindros refrigerador a ar com arranjo rebaixado, conhecido como “plano”.

Por essa configuração, o esportivo tinha um motor compactado dentro de um cofre baixo na parte traseira, empregando as mesmas modificações do fastback e da perua, que seriam igualmente compartilhadas com outros modelos adiante.

Nesse arranjo, o VW SP2 seu propulsor tinha caixa de ar para refrigeração das camisas dos cilindros montada diretamente no eixo do virabrequim, com rotor posicionado à frente.

O fluxo de ar admitido era enviado para as laterais do motor por meio de carenagens integradas à essa caixa de liga leve, sendo as demais em latão de cor preta. Além disso, o dinâmico era preso lateralmente e acionado por correia.

VW SP2: a história e todos os detalhes do cupê esportivo dos anos 70

Bomba de combustível, coletores de admissão dos carburadores e mesmo estes dois, eram rebaixados. Uma capa metálica ligava os dois alimentadores ao filtro de ar circular, igualmente em altura menor que no motor do Fusca, por exemplo.

O radiador de óleo, que ia em pé na Kombi, Fusca, Karmann-Ghia ou 1600L, por exemplo, era deitado para caber no espaço. A bobina de ignição também. Essa arquitetura compacta permitiu ter algum espaço atrás dos bancos do SP2.

Pesando apenas 890 kg, o esportivo da VW era equipado com transmissão manual de quatro marchas, padrão da marca, mas com relação do diferencial mais longa, de 3,88:1.

SP1

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Já o motor boxer a ar chegou ao VW SP2 em duas versões. No lançamento em 1972, uma versão de acesso e menos potente foi apresentada ao mercado, sendo essa chamada de SP1.

Este vinha com o mesmo motor dos TL e Variant, entregando assim 65 cavalos a 4.600 rpm e 12 kgfm a 3.000 rpm, o que permita ao SP1 alcançar 150 km/h.

Contudo, essa versão de entrada não teve o desempenho esperado. Mesmo com um motor que equipava as versões regulares de TL e Variant, para um esportivo, o SP1 ficava devendo muito.

Assim, após 88 unidades produzidas, o SP1 saiu de cena ainda em 1972, poucos meses depois do lançamento. HOje em dia, essa versão do VW SP2 é extremamente rara e caríssima.

SP2

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O VW SP2 fazia jus ao nome apenas na versão mais potente, que teve seu boxer ar ar aumentado de 1.584 cm3 clássicos para 1.678 cm3, tendo dois carburadores Solex 34, ele entregava 75 cavalos brutos a 5.000 rpm e 13,2 kgfm a 3.400 rpm.

Recomendado para usar “gasolina azul”, que tinha maior octanagem da época, o VW SP2 ia de 0 a 100 km/h em 17,4 segundos e tinha máxima de 161 km/h. Seu consumo médio era de 10,5 km/l.

Diferente do SP1, que tinha tambores na frente, os freios do SP2 vinham com discos na dianteira, amortecedores recalibrados e barras de torção mais firmes.

Essa foi a versão do VW SP2 que durou até 1976, quando o modelo efetivamente saiu do mercado, em momento igual ao do Karmann-Ghia TC, que foi o último de sua classe, deixando assim a Volkswagen o mercado de carro-esporte.