VW Arteon Shooting Brake é perua tão prática quanto bonita

Fonte/ Quatro Rodas

Quando a primeira geração do Volkswagen Arteon surgiu, em 2017, parecia uma miragem: era um sedã que aparentava juntar algum apelo emocional à racionalidade usual dos carros da marca.

Isso porque o design externo seduzia pelas linhas mais ousadas e menos apegadas à linguagem de design da VW.

Mas essa impressão só durava até abrir a porta e encontrar um interior monótono, pouco diferente em relação ao Passat. Aquela mesma sensação que se tinha no passado com o Passat CC.

Agora, após três anos, o Arteon está repaginado, com novos faróis e grade maior, e na versão R-Line ainda tem barra luminosa na grade, como a do SUV médio Taos – que estreia no Brasil ainda no primeiro semestre – e para-choque exclusivo, com tomadas de ar maiores.

Mas a grande novidade é o Arteon Shooting Brake, que vai muito além do conceito tradicional de perua.

A nova carroceria é tão baixa quanto a do sedã, mas nem por isso seu lado racional foi esquecido. Um bom exemplo é que o espaço para as pernas no banco traseiro é maior, por ter 5 cm a mais no entre-eixos, na comparação com a Variant, enquanto os ocupantes dali ainda têm 4,8 cm a mais de espaço para a cabeça, na comparação com o sedã, por não ter caimento do teto tão acentuado.

O porta-malas tem 565 litros de capacidade, 85 l a menos que uma Passat Variant, mas ainda mais amplo que o dos rivais Mercedes C Estate ou o BMW Série 3 Touring. Contudo, a Shooting Brake nasce em meio a uma reestilização de meia-vida.

Se seu interior não é totalmente novo, desta vez a Volks se empenhou em distanciar Arteon e Passat. O volante é do modelo mais novo, como o do Nivus, mas com botões capacitivos, como os comandos do ar-condicionado no meio do console compartilhados com o Golf R.

A lista de equipamentos de série também é mais generosa, com quadro de instrumentos digital com tela de 10,25 polegadas de série, mas com opções de 8 e 9,2 polegadas para a central multimídia, que é de nova geração, porém diferente da VW Play adotada no Brasil.

A vantagem da central europeia está em ter Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Mas é uma pena que o sistema Head-up Display continue sendo feito por uma lâmina de plástico que surge por detrás do volante quando acionado, uma solução que é comum a modelos de preço e posicionamento inferiores, em vez de projetar as informações no para-brisa.

 

Este primeiro contato é com a versão esportivada R-Line, que tem bancos mais largos e confortáveis, com formato exclusivo e forração que combina veludo no centro e couro natural nas laterais. Se o ajuste de inclinação do encosto é elétrico, o ajuste longitudinal do assento é manual. É claro que isso só vai causar confusão nos primeiros usos, mas uma versão como essa poderia ter apenas comandos elétricos.

E vale a pena pagar a mais pelo sistema de visão periférica com quatro câmeras, o Area View, para lidar com a visão traseira e lateral comprometida pelas colunas.

A despeito do visual esportivado, com direito a rodas aro 18, e do rápido câmbio DSG, de dupla embreagem e sete marchas, o motor do carro avaliado é um 2.0 turbodiesel de 150 cv com catalizador duplo. É uma opção racional para os europeus, mas os 36,7 kgfm de torque disponíveis a 1.600 rpm lidam bem com os 1.650 kg do Shooting Brake: a VW declara 0 a 100 km/h em 9,4 s, número bom para um carro com relação peso/potência de 11 kg/cv.

Ainda que sem sistema de amortecimento eletrônico variável, essa versão convence pela forma como consegue equilibrar conforto e estabilidade, com doses mais do que suficientes de cada um. Apenas se exagerar na velocidade de entrada da curva é que o Arteon começa a mostrar tendência a sair de dianteira.

A direção contribui para essa boa impressão, mostrando precisão e uma resposta bem direta (são somente 2,1 voltas no volante de batente a batente). Quanto à frenagem, ela convence na maioria das situações, mas quando existe uma utilização mais intensa nota-se alguma fadiga dos freios, talvez efeito do peso.

O que realmente leva um europeu a escolher um motor diesel, porém, é o consumo, que durante o teste foi de 15,9 km/l em média – ainda que a VW prometa até 19,3 km/l.

Quem realmente aflora o lado irracional é o Arteon Shooting Brake R, com motor 2.0 TSI a gasolina, com 320 cv e 42,8 kgfm, o mesmo câmbio DSG, mas com tração integral e sistema de vetorização do torque, além de suspensão adaptativa. Com ela você esquece que o Passat Variant existe – mesmo custando muito mais.

Veredicto – É raro encontrar um carro versátil e empolgante. A Arteon Shooting Brake cumpre isso e ainda é bonita. Pena que a VW não tem planos de vendê-la no Brasil.

Ficha técnica – VW Arteon Shooting Brake

Preço: 43.235 euros
Motor: diesel, dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, turbo, 1.968 cm3; 150 cv a 3.000 rpm, 36,7 kgfm a 1.600 rpm
Câmbio: dupla embreagem, 7 marchas, tração dianteira
Suspensão: duplo A (diant.) e multibraços (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e disco sólido (tras.)
Direção: elétrica, 11,9 (diam. de giro)
Rodas e pneus: liga leve, 285/40 R18
Dimensões: comprimento, 486,6 cm; largura, 187 cm; altura, 146 cm; entre-eixos, 283,7 cm; peso, 1.650 kg; tanque, 66 l; porta-malas, 565 l.