Uber cancela seu programa de caminhões autônomos para focar em carros inteligentes

Caminhão Uber Otto  (Foto: Divulgação)

 

Depois de rodar mais de 3,2 milhões de quilômetros em testes pelos Estados Unidos, a Uber decidiu dar um fim ao seu programa de caminhões autônomos. De acordo com o portal  Tech Crunch, a informação foi confirmada por um porta-voz da empresa que afirmou que todos os esforços da empresa serão voltados para o desenvolvimento dos carros autônomos.

A decisão aparece logo depois do grupo voltar a realizar seus testes com sua frota de Volvos XC90 nas ruas de Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA) após um hiato de quase quatro meses. Os carros autônomos da Uber estavam banidos das ruas e os testes suspensos desde o atropelamento ocorrido em março que resultou na morte de uma pedestre no Arizona.

“Recentemente demos o importante passo de retornar às ruas. À medida que procuramos dar continuidade a esse momento, acreditamos ser necessário ter toda nossa energia e expertise  focada nesse caminho”, disse Eric Meyhofer, diretor da Uber Advanced Technologies Group em um comunicado.

No entanto, a Uber Freight, braço da empresa que conecta caminhoneiros à empresas de transportes, não será afetada pela decisão.  Existe incluisve a possibilidade de a empresa retomar no futuro o porgrama de caminhões autônomos. “Acreditamos que no momento é necessário primeiro desenvolver a tecnologia autônoma que possa ser aplicada aos veículos de passageiros para no futuro trazê-la para o serviço de fretes. Por enquanto, precisamos do foco da equipe em um objetivo claro”, completou o executivo.

Segundo a empresa, os funcionários que trabalham com os caminhões Otto serão transferidos para a divisão de carros autônomos, em Pittsburgh. Já aqueles que não encontrarem vagas compatíveis com seus atuais cargos devem ser realocados dentro do próprio grupo.

Uber x Waymo

Não é de hoje que o programa de caminhões autônomos da Uber é alvo de polêmicas. Em 2016, o grupo comprou a startup Otto, fundada pelo engenheiro Anthony Levandowski. A aquisição da companhia especializada em tecnologia autônoma para caminhões gerou um grande burburinho no mercado. Isso porque Levandowski era antes a a principal figura da Waymo, empresa pertencente à Alphabet, controladora da Google. Depois de pedir demissão de seu antigo emprego, o engenheiro assumiu o programa de veículos autônomos da Uber.

Tudo poderia ter sido apenas uma troca de emprego, se não fosse a acusação de espionagem industrial. A Alphabet descobriu que existia uma “semelhança impressionante” no projeto para carros autônomos de ambas, inclusive alguns sensores em 3-D que continham “elementos secretos” de seus estudos que demoraram sete anos para serem desenvolvidos – enquando a Uber teria realizado tudo em nove meses.

A Waymo acionou a justiça americana acusando a concorrente de ter copiado seus dados, pedindo, além de US$ 2 bilhões como indenização, o fim do programa de carros autônomos da Uber. Depois de um longo período, Levandowski foi demitido sob acusação de não colaborar com as investigações. Em fevereiro deste ano, o processo foi finalizado com um acordo entre as partes. Apesar dos termos confidenciais, estima-se que o acerto entre as empresas tenha sido de aproximadamente US$ 680 milhões.