Câmbio: montadoras buscam soluções

Priscila Dal Poggetto
Do Diário do Grande ABC

Com o dólar cotado no patamar de R$ 1,80, a indústria automobilística aperta o passo para a busca de soluções que a mantenha competitiva no mercado externo. A preocupação está nos planejamentos de longo prazo, quando as vendas internas não conseguirão mais garantir a sustentabilidade da indústria, já que outros players globais, como a China e a Índia, entrarão no País.
“Não podemos achar que o mercado doméstico vai resolver todos os nossos problemas, porque seremos alvos de outros mercados querendo colocar os produtos aqui”, afirma o diretor de Assuntos Governamentais e Relações Públicas para a Ford América do Sul, Rogelio Golfarb.
De acordo com o executivo, as exportações da Ford caíram 7% de 2005 para 2007. Só para este ano, a expectativa é que as vendas externas caiam entre 15% e 20%. Por outro lado, as importações aumentaram 50% no ano passado, principalmente de produtos vindos das fábricas da montadora na Argentina e no México. Neste ano, por exemplo, só do modelo Fusion a empresa traz 1.000 unidades por mês da unidade mexicana.
Amplificador – A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) enxerga a questão cambial como um amplificador dos problemas da competitividade brasileira.
Como a previsão é que o real continue valorizado, as expectativas das montadoras se concentram no governo.
A Anfavea acredita que o País precisa adotar políticas que venham a baratear o custo dos investimentos, como a desoneração do produto exportado.
A entidade ressalta a questão dos créditos de ICMS (Imposto Sobre Circulação em Mercadorias e Serviços), que não são repassados para a indústria, e o custo logístico brasileiro, o maior entre todos os fatores relevantes do setor.

Empresas reajustam preços no Exterior, mas temem o futuro
Priscila Dal Poggetto
Do Diário do Grande ABC
A solução imediata para manter a lucratividade e o espaço como player em outros países foi o reajuste dos preços nos mercados estrangeiros. Apesar da compensação, a medida sacrifica a competitividade.
Para o vice-presidente da Honda América do Sul, Kazuo Nozawa, a situação chegou no limite, já que preços das motos da marca foram reajustados ao máximo. “Não tem como reajustar mais do que isso, senão perdemos clientes”, observa.
Segundo a Anfavea, foi o reajuste de preços e a exportação de veículos com maior valor agregado (como caminhões e máquinas agrícolas) que fizeram as exportações expandirem, em valores, 5% de janeiro a setembro deste ano em comparação ao mesmo período de 2006. O montante movimentado chega a US$ 9,45 bilhões.
Fiat – Enquanto Ford, Volkswagen e General Motors, entre outras, observam queda no número de unidades vendidas no Exerior, a Fiat comemora crescimento de 8%.
A estratégia da montadora foi aumentar a quantidade produtos ofertados nos mercados estrangeiros, que inclui o Palio e o Idea Adventure. A meta da montadora é manter, neste ano, o patamar de 100 mil unidades exportadas.

Commodities encarecem preços dos veículos
Priscila Dal Poggetto
Do Diário do Grande ABC
A absorção da produção concentrada no mercado interno gera outro desafio para as montadoras: a manutenção de preços competitivos. Nesse caso, os vilões da indústria são os insumos, já que o crescimento da demanda mundial pelas commodities, como o aço, elevou os preços desses produtos, o que tem encarecido o veículo.
No caso do aço, o presidente da Fiat, Cledorvino Belini, chegou a declarar, em maio, que os produtores do insumo iriam “arruinar a indústria automobilística brasileira”.
Em junho, o executivo voltou a fazer críticas, já que os reajustes dos preços do aço afetam os fabricantes no momento em que o País enfrenta dificuldades em exportar. Na época, a Fiat chegou a importar o insumo.
Nesta semana, com o preço da commodity estável, Belini mudou o discurso. “Precisamos aumentar a parceria com os fornecedores, para o Brasil se transformar em um grande exportador de manufaturados e não somente de commo
Fonte: Diário do Grande ABC