Mercado de usados tem carros cada vez ´menos usados´

                                                                                          Consumidores migram para a compra de carros com até 10 anos.
Expansão de prazos e aumento da renda impulsionam vendas.

Priscila Dal Poggetto

Carros com poucos anos de uso são vendidos nas concessionárias (Foto: TV Globo/Reprodução)A extensão dos prazos para a compra de carros zero quilômetro tem ajudado também o mercado de usados. Levantamento feito pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) revela que já pode ser notada uma migração dos consumidores de automóveis fabricados antes de 1997, para a faixa que abrange os carros de até 10 de fabricação. Isso significa que o mercado de usados se sustenta, mesmo com o forte crescimento das vendas de novos. “A renovação da frota já acontece”, afirma o presidente da entidade, Sérgio Reze.

O maior pico de venda observado pela Fenabrave no primeiro bimestre deste ano é a de compra de carros com quatro anos. Segundo a entidade, a participação de mercado dos modelos fabricados em 2004 chegou a 7,12% no período, o que já supera a média de janeiro a dezembro dos últimos quatro anos, de 6,71%.

Na análise de Sérgio Reze, o aumento da renda dos consumidores também tem contribuído para a expansão do mercado de usados. “Observamos o crescimento na procura de veículos usados com quatro anos de fabricação e o deslocamento dos consumidores de carros com 16 anos a 20 anos para faixas de idade de fabricação menores”, explica Reze.

Com a explosão da venda de veículos zero quilômetro no Brasil, o mercado de usados ganhou o reforço de produtos com melhor aceitação, vendidos pelos consumidores que optaram pela compra do carro novo.

O ingresso de novos clientes nas revendas também aumentou. A tendência é notada na evolução da participação de mercado dos veículos da faixa de 4 anos a 11 anos (fabricados em 1997). No caso, quem antes comprava um carro de 20 anos, hoje tem poder aquisitivo para adquirir um veículo de 11 anos, por exemplo.

Segundo a Fenabrave, os automóveis produzidos em 1997 tiveram 6,86% de participação nas vendas realizadas entre janeiro e fevereiro deste ano. Na média calculada entre janeiro e dezembro de 2003 a 2007, o índice era de 5,16%.

Comprador de usado andava de moto
Para o gerente nacional de vendas da Ford do Brasil, Oswaldo Ramos, o crescimento do mercado de veículos no Brasil pode ser classificado como sustentável, ao contrário do que foi observado em outros momentos de pico de vendas ao longo da história da indústria automobilística. “O usado, agora, é vendido para o consumidor que utilizava a moto para se locomover”, exemplifica o gerente.

Segundo o diretor da consultoria Megadealer Auto Management, José Rinaldo Caporal Filho, o carro usado pode ser considerado um veículo de entrada, assim como a moto. “A moto cumpre o papel de locomoção barata, então, a pessoa vai partir da moto para um carro usado, e do usado para o carro novo”, ressalta Caporal.

Fonte: G1 Globo Online