Carros vencem câmbio e vão para o exterior

Alzira Rodrigues

Contrariando previsão de queda ou, no máximo, de estabilidade feita no início do ano, as exportações do setor automotivo não param de crescer. Só no primeiro quadrimestre as vendas externas já atingiram US$ 4,52 bilhões, crescimento de 16,3% sobre o mesmo período do ano passado (US$ 3,89 bilhões). O número de veículos montados e desmontados (CKD) exportados no período chega a 245.444, uma alta de 1,7% sobre as 241.322 unidades dos primeiros quatro meses de 2007.
Entre os fatores que explicam esse desempenho, o principal é que os produtos exportados têm atualmente maior valor agregado que antes e, portanto, geram mais dólares. Isto ocorre não só com os automóveis, mas principalmente com caminhões e máquinas agrícolas, que registram desempenho superior ao da média do setor.

As vendas externas de tratores, colheitadeiras e produtos afins cresceram 26,8% neste ano, atingindo US$ 968,9 milhões nos primeiros quatro meses, ante US$ 764 milhões no mesmo período de 2007. Com o desempenho do primeiro quadrimestre, envolvendo novo recorde de produção e de vendas internas, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) já admite rever as projeções do setor para este ano, e deve incluir também as exportações.

Política industrial – Há muito a indústria deixou de reclamar da paridade cambial. Adequou preços e produtos à nova realidade, e reduziu custos para compensar a desvalorização do dólar. Mas o setor continua brigando por maior competitividade do produto nacional no exterior.

“Entre as sugestões que encaminhamos para o chamado PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) automotivo, as principais referem-se a medidas que tornem o veículo brasileiro mais competitivo lá fora”, comenta o presidente da Anfavea, Jackson Schneider.

Desoneração tributária do produto exportado e melhorias na infra-estrutura e logística de exportação estão entre as sugestões propostas para a nova política industrial automotiva, que deve ser divulgada hoje pelo governo, junto com as medidas para outros setores.

Participação no PIB – Se sair o PAC automotivo, a indústria brasileira terá ainda mais motivos para comemorar. É que os resultados que vem colhendo neste ano já estão bem acima dos esperados.

A produção em abril bateu recorde, superando 300 mil unidades. No quadrimestre, foram produzidos 1.087.332 veículos, 23,5% a mais que os 880.202 de igual período de 2007. As vendas internas chegam a 909.196 veículos, o que representa alta de 35,2% na mesma comparação.

Considerando que o ano passado teve desempenho recorde em todas as áreas, os números não poderiam ser melhores. Com os resultados de 2007, o setor automotivo ampliou sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) de 4,9% para 5,4%. Com relação ao PIB industrial, o índice subiu de 19,9% para 22,1%. “É mais um recorde. Nunca tivemos uma fatia tão expressiva”, destaca o presidente da Anfavea, admitindo que a entidade vai divulgar no próximo mês novas projeções para este ano em todas as suas áreas de atuação.

Fonte: Diário do Comércio