Contratos protegem VW contra aumento do aço

                                             Empresa já compra 30% do insumo no exterior.

Paulo Ricardo Braga, AB

Trazer aço no Exterior não é uma medida confortável para os departamentos de compra e logística dos fabricantes de veículos, diante da complexidade da operação. Mas a queda de braços pelo valor do produto com as siderúrgicas tem colocado com maior frequência essa possibilidade nas negociações do setor. O recente anúncio de 10% de aumento nos preços das usinas trouxe à tona novamente a histórica polêmica.

Nesta quinta-feira, 24, em reunião com jornalistas na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, o presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, revelou preocupação com o impacto no suprimento de aço, que representa 50% dos materiais utilizados na fabricação dos carros. Os materiais, por sua vez, correspondem a 80% dos custos de um veículo.

O executivo confirmou que a empresa adquire fora do País 30% do aço empregado, mas esse patamar poderia crescer em função dos níveis de preços relativos no mercado doméstico e internacional. “A Volkswagen está protegida por acordos de longo prazo com as usinas brasileiras e estende esse benefício a fornecedores que entram no mesmo pacote”, assinalou. Outros players do mercado que atuam na cadeia de suprimentos, no entanto, não estão imunes aos aumentos e vão tentar fazer o repasse, trazendo pressões de margens.

O presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, afirmou recentemente que o setor vai brigar pela questão. Ele considera que há contratos de longo prazo e uma elevação de preços significa quebra nas regras, estimulando as importações. Do outro lado, o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, disse a Automotive Business que o preço do insumo subiu no exterior e hoje fica apenas 15% a 20% mais baixo do que no Brasil.

“Não existe mais vantagem na importação”, enfatizou Loureiro, lembrando que trazer o material de fora implica em custos elevados de logística e estoque. Para ele, só uma redução no imposto de importação tornaria compensadora a iniciativa, mas a possibilidade disso acontecer é pequena, já que há preocupação com o equilíbrio da balança comercial.

O executivo explicou, ainda, que a alta no preço do insumo é, na verdade, a retirada de descontos concedidos no meio do ano passado, quando o aço importado ainda representava uma vantagem. “As usinas estão com as margens pressionadas”, explicou à repórter Giovanna Riato, antecipando uma nova quebra de braços com os fabricantes de veículos.

Fonte: Automotive Business