Há vários motivos que justificam essa impressionante demanda pelo aluguel de veículos no setor turístico no País. O primeiro deles é a tarifa – que varia conforme a categoria do carro e o tipo escolhido de cobertura contra danos – mas é, sem dúvida, mais baixa no Brasil quando comparada, em dólares, aos preços praticados na Europa e nos Estados Unidos.
Aliadas à disseminação da cultura da locação e ao próprio momento de expansão do mercado turístico, as tarifas acessíveis começam a ser percebidas na prática pelo turista brasileiro. E não apenas pelos estrangeiros, que já têm o hábito de incluir o carro alugado em suas viagens.
Não se trata de mágica. Na verdade, a profissionalização do setor é o que tem permitido às locadoras sobreviverem, mesmo com seus preços praticamente inalterados ao longo dos últimos anos. E isso só foi possível com o aumento de escala. O número de veículos disponíveis para locação no Brasil passou de 250.204, em 2006, para 283.562 no ano seguinte (o que representa mais de 13% de crescimento da frota).
É importante explicar alguns detalhes: o valor da diária de locação cai à medida que o turista fica mais tempo com o carro; muitas locadoras oferecem a opção de quilometragem livre e tarifas promocionais; e nas épocas de baixa estação, que variam de região para região, essas empresas investem em promoções especiais como forma de incentivar o aluguel e manter a atividade aquecida.
Estimulada pelas tarifas acessíveis (é um mito a antiga crença de que esse é um serviço caro) e pela frota ampliada, a locação conquistou públicos que antes não eram alcançados. Há tempos, apenas executivos do primeiro time alugavam carros durante viagens de trabalho. Hoje, porém, boa parte dos profissionais em médias gerências e até alguns em início de carreira também usa corporativamente o serviço.
O brasileiro que viaja a lazer também vem descobrindo mais detalhes sobre a locação e percebendo a liberdade que o carro proporciona. Abre-se a possibilidade de conhecer não apenas o destino, mas um roteiro completo. E isso muda tudo, dá novas cores à viagem.
Por exemplo: um turista que parte do Nordeste ou do Sul para conhecer São Paulo, ao considerar o uso do avião combinado ao do carro alugado, aumenta as possibilidades do passeio porque pode incluir na programação uma visita à serrana Campos do Jordão ou a uma das praias paulistas.
Outra dica importante é que cada vez mais locadoras permitem ao viajante alugar o carro numa cidade e devolvê-lo em outra. Antes da locação, é necessário consultar a empresa sobre a existência dessa opção e se há cobrança de taxa de retorno.
Além disso, reservar o serviço elimina o risco de não encontrar o carro desejado. E pagar com o cartão de crédito agiliza a aprovação do cadastro do interessado.
Essas facilidades abrem ainda a chance de outra experiência positiva para o turista, que o setor chama de test-drive completo. Ou seja, o turista aluga o modelo que deseja comprar e pode avaliar, no uso, o verdadeiro desempenho no trânsito e na estrada. Muito mais completo do que o teste feito rapidamente nas concessionárias, insuficiente para uma avaliação real do veículo.
Com tantos benefícios, o automóvel alugado tende a se tornar cada vez mais companheiro do turista, principalmente se o Brasil conseguir realizar os investimentos necessários na recuperação de estradas e no aperfeiçoamento da sinalização que já existe.
Nada acontece por acaso. O turismo brasileiro caminha rapidamente e o setor de locação de automóveis já está fazendo a sua parte.
* José Adriano Donzelli, presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis
Fonte: Agencia Estado
