Crise avança na Itália: vendas na descendente.

Quem acredita que o mercado brasileiro passa por grave momento de queda das vendas pode encontrar bom consolo na Itália, onde a situação é grave. Na abertura para a imprensa do Salão de Bolonha, na terça-feira, 3, a palavra crise esteve presente em todas as apresentações de executivos das empresas, em todas as trinta conferências realizadas durante o dia inteiro.

Não é para menos: o mercado italiano, que consumiu 2,5 milhões de veículos em 2007, deve fechar este ano com retração de 15%, para 2,1 milhões. Para 2009 a perspectivas são ainda piores, com recuo estimado de outros 11%, para algo como 1,9 milhão de unidades vendidas, fazendo da Itália um dos países europeus mais afetados pela crise de falta de recursos financeiros que tomou conta do mundo.

Os executivos bem que tentaram adotar tom positivo ao falar sobre o futuro: “O pessimismo gera círculo vicioso”, disse Giuseppe Tartaglione, presidente da Volkswagen na Itália. “Mas precisamos nos preparar para atravessar o deserto”.

Ele garante, no entanto, que a Volkswagen é das poucas companhias do setor em melhor situação, pois atingiu todas as metas em 2008. Para Tartaglione só sairão vivas da crise as empresas competitivas, que investem fortemente em tecnologia, produto, serviço e eficiência produtiva e distributiva.

Ao lembrar que só em outubro o mercado italiano caiu quase 30% sobre o mesmo mês do ano passado o diretor geral da Fiat Automóveis na Itália, Lorenzo Sistino, afirmou que a receita atual de sobrevivência é “a capacidade de responder prontamente aos desejos do consumidor”. Segundo ele, com a oferta de carros mais baratos e econômicos, a Fiat vem conseguindo se manter em situação melhor, aumentando participação de vendas em mercados importantes.

“Nossa participação gira em torno de um quarto do mercado italiano, mas crescemos significativamente em outros países europeus, como na Alemanha, onde a fatia da Fiat avançou de 3,7% para 4,3%, e na França passamos de 2% para 2,5%.”

Para Philippe Dauger, diretor geral da Renault Itália, a situação no país é ainda mais grave do que a já expressiva queda média de 15%: “As vendas reais, para pessoas físicas, tiveram retração de 27% este ano. Isso significa que este mercado está drogado, sendo sustentado artificialmente com a tática de registros adiantados”.
(Pedro Kutney, de Bolonha, Itália)

Fonte: Boletim Autodata