Caçador de Carros: 5 motivos para ter e 5 para não ter o Fiat Cronos 1.3

Geralmente, a versão mais cara de um carro é melhor que a versão mais barata. Seja por conta do acabamento superior, da oferta maior de equipamentos ou pela mecânica mais refinada. O Fiat Cronos não é exceção. As melhores versões são as com motores 1.75 litro (mais conhecida como e.TorQ 1.8), mas isso tendo apenas essa visão simplista do propulsor mais potente como algo absoluto. Quando olhamos para a relação custo/benefício, o Cronos 1.3 passa a ser um carro bem interessante.

Durante uma semana, tive um como parceiro, na versão Drive com câmbio manual de cinco marchas. Antes de pegar o carro, minha expectativa era alta, já que esse conjunto mecânico foi bem elogiado por mim no passado, quando avaliei um Uno Sporting 2017. Teria o Cronos suprido essa expectativa? Ou foi uma grande decepção?

Aqui eu listo cinco motivos pelos quais eu teria um na garagem, e outros cinco que fariam eu pensar em outras opções.

5 MOTIVOS PARA TER

Design: Gostar do visual de um carro é algo subjetivo. O bonito para mim pode ser feio para outra pessoa, e vice-versa. Mas alguns carros fogem da polêmica e conseguem um resultado que é agradável aos olhos de qualquer um. Pelo menos é o que eu penso quando vejo um Cronos, sedã muito bem desenhado pelo pessoal da Fiat. A frente é agressiva e tem até um capô recheado de vincos, no melhor estilo de carros de marcas de luxo. Já a parte traseira, conta com portas exclusivas, diferentes das do Argo. São mais elegantes num sedã, que ainda conta com belas lanternas inspiradas no Alfa Romeo Giulia. O desenho do interior também agrada, com painel e laterais de portas bem desenhadas.

Motor: Os motores da família FireFly da Fiat são um dos melhores do mercado. Na concepção, parecem antiquados, já que contam com apenas 2 válvulas por cilindro e dispensam o uso de turbo ou injeção direta. Mas os números da ficha técnica surpreendem. No caso do Cronos, o FireFly utilizado tem 4 cilindros e desloca 1332 cm³. Quando abastecido com álcool, a potência vai para 109 cv a 6250 rpm e o torque vai para 14,2 kgfm a 3500 rpm. Tá bom demais para um pequeno motor aspirado de 8 válvulas, sem pretensões esportivas. Isso se reflete no uso, quando o pé afunda no acelerador e o carro responde além do esperado. Graças a alta taxa de compressão (13,2:1), o motor aproveita muito bem o álcool, combustível indicado por mim para ser usado no Cronos.

Consumo: Quanto ao consumo, mais surpresas agradáveis. Comigo, fez quase 11 km/l de álcool em ciclo misto. Se for considerar somente estrada, fez médias de quase 13 km/l, mas flertou com números entre 17 e 18 km/l quando em velocidades de cruzeiro mais baixas. Vale dizer que são dados informados pelo computador de bordo e podem ter alguma margem de erro.

Bom aproveitamento de espaço interno: Lembram dos sedãs da Fiat? Oggi, Prêmio, Siena, Grand Siena, Tempra, Marea e Linea. Todos eles têm algo em comum: o ótimo aproveitamento de espaço interno. Não estou dizendo que são os melhores de suas categorias, mas quando comparado com o comprimento da carroceria do carro, a Fiat sempre mandou muito bem nesse ponto. Com o Cronos, mantiveram a tradição e fizeram um pequeno sedã espaçoso. Perde para o VW Virtus e para o Nissan Versa nesse quesito, mas é 12 cm mais curto que o primeiro e 13 cm menor que o segundo. O porta-malas também vai bem, com 525 litros. Como opcional na versão Drive, o banco traseiro pode ser bipartido.

Liquidez: Carro bonito, com bom desempenho, baixo consumo de combustível e bom espaço interno, só pode se dar bem no mercado de usados. Outro atrativo é a simplicidade mecânica, que no longo prazo deve refletir num baixo custo de manutenção. Compradores de carros usados, principalmente dessas categorias de entrada, priorizam todos esses pontos na escolha do carro.

5 MOTIVOS PARA NÃO TER

Câmbio GSR: O Cronos 1.3 só vale a pena se for com câmbio manual. O GSR é um automatizado de uma embreagem, que é muito chato de ser guiado. Por mais que a Fiat insista nesse tipo de câmbio, ele está longe de ser tão bom quanto um legítimo automático, como é no Cronos 1.8. E se a ideia é dar descanso para o pé esquerdo, recomendo que invista um pouco mais nesse com motor maior, ou então procure algo na concorrência. Toyota Etios e VW Voyage são alguns exemplos de automáticos tradicionais, por preços próximos do Cronos 1.3 Drive manual.

Materiais internos: Como eu disse, o desenho do interior é agradável, assim como o acabamento. Mas o mesmo eu não posso dizer dos materiais. O plástico duro das portas e o tecido simples dos bancos são bem decepcionantes. Gostaria de ver um veludo mais caprichado nessas partes, como era com alguns dos seus irmãos mais velhos, Prêmio e Siena.







Posição de dirigir: Se o aproveitamento interno é bom, alguma coisa precisou ser sacrificada. A posição do banco do motorista é alta demais para o meu gosto. Na viagem que fiz com o carro, minhas pernas reclamaram. Também não gostei do formato do volante e da manopla do câmbio. No primeiro, meus polegares não se acomodaram bem. No segundo, o desenho em nada tem a ver com a palma de uma mão. A Fiat devia aprender com a Renault, que tem manoplas de câmbio perfeitas.

Falta de controle de estabilidade: A recém lançada linha 2020 do Cronos mostrou que segurança não é uma das prioridades da Fiat. Um item tão barato e importante como o controle de estabilidade, ficou de fora do Cronos 1.3. Na verdade, a versão com câmbio GSR tem, mas como eu já disse que dispenso essa versão…

Comprar completo: O carro avaliado por mim, estava com os dois pacotes de opcionais. O Kit Convenience adiciona vidros elétricos nas portas traseiras, retrovisores elétricos, ar-condicionado automático e câmera de ré por R$ 2.900. Já o Kit Stile, adiciona rodas de liga leve, banco traseiro bipartido e faróis de neblina por R$ 3.200. Somando com os R$ 62 mil da versão Drive manual, essa conta fecha em mais de R$ 68 mil, valor que encosta nos R$ 70 mil do Cronos 1.8 automático. Ou seja, a boa relação custo/benefício do Cronos 1.3 só é válida se a ideia for levar no máximo um Drive sem opcionais, que ainda assim é interessante, pois tem direção elétrica, ar condicionado, central multimídia, sensor de estacionamento, alarme, vidros e travas elétricas.

Vale a compra?
Aplique o peso que quiser em um desses 10 pontos e faça sua conta. Para mim, as 5 qualidades pesam mais que os 5 defeitos, portanto vale a pena ter um Cronos Drive 1.3 manual na garagem.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Carsale

Felipe Carvalho é o primeiro caçador profissional de carros do Brasil. Acesse o site www.cacadordecarros.com.br e saiba mais. Inscreva-se no canal do Caçador de Carros no YouTube e curta a página de Felipe no Facebook.

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