Gol GTS: lá dos anos 80, a história do esportivo sucessor do Gol GT

Gol GTS: lá dos anos 80, a história do esportivo sucessor do Gol GT

Nos anos 80, a Volkswagen lançou uma importante versão esportiva de seu hatch compacto de entrada, o Gol. dando continuidade à versão que surgiu em 1984 para salvar as vendas do modelo.

O Gol GTS surgiu em 1987, mesmo ano em que o produto alcançou pela primeira vez a liderança de mercado, tornando-se o maior campeão de vendas nacional desde o Fusca, liderando por 27 anos seguidos.

Herdeiro do GT, o Gol GTS também deu origem a outro importante modelo, o Gol GTI, o primeiro carro nacional com injeção eletrônica. Mas, a fama de esportivo carburado da Volkswagen permaneceria durante muitos anos após seu fim, tanto que inspirou a marca em duas ocasiões recentes.

Neste artigo, vamos falar do Gol GTS, sua mecânica contida pela VW, assim como o acabamento diferenciado, o estilo marcante e sua performance arrebatadora para a época.

Gol GTS: o nascimento

Gol GTS: lá dos anos 80, a história do esportivo sucessor do Gol GT

Na linha 1987, a Volkswagen fez uma manobra para poder aumentar os preços dos carros, pois o Plano Cruzado com o congelamento de preços, impedia através do Conselho Interministerial de Preços (CIP) as alterações de valores por parte das empresas. Assim, só algo novo para justificar alta da tabela.

Tendo isso em mente, a empresa atualizou visualmente toda sua gama de produtos e renomeou-os para que pudessem ser vendidos como carros novos, incluindo a introdução de mais conteúdo e a eliminação de motores. Em 1986, a montadora já havia colocado um fim ao Fusca e também matou o motor boxer 1600 a ar do Gol.

Neste, o novo visual exterior chegou com renomeação de todas as versões, em especial a GT, que passou a ser designada como Gol GTS. Foi assim que o Gol GTS nasceu em 1987, ganhando novidades em estilo e conteúdo, mas mantendo a mesma mecânica. E como era este esportivo emblemático dos anos 80?

Diferente do clássico Gol GT, o Gol GTS recebia a atualização visual proposta para a família Gol, Voyage, Parati e Saveiro.

Assim, o capô do Gol GTS apareceu alguns centímetros mais baixo, tendo ainda faróis retangulares levemente inclinados, adotando também novos piscas de lente branca envolventes nas laterais.

Gol GTS: lá dos anos 80, a história do esportivo sucessor do Gol GT

A tradicional grade retangular de acabamento preto tinha dois frisos horizontais junto ao logotipo VW em preto. O para-choque do Gol GTS era envolvente, diferente daquele simples visto até então no Gol GT. Ele incorporava filetes vermelhos, suportes para os faróis de milha e faróis de neblina novos, integrados ao conjunto, que era preto.

Esse formato frontal mais cheio foi estendido para as laterais, que ganharam uma moldura protetora de mesmo acabamento e com filetes vermelhos, embora a parte inferior fosse de fato a carroceria pintada de preto. O para-choque traseiro do Gol GTS seguia no mesmo estilo, mas com escape duplo preto, num recorte discreto.

Falando na traseira, o Gol GTS ganhara novas lanternas horizontais maiores e com extensão das lentes em direção à placa, dando ao conjunto uma aparência mais consistente. O nome Volkswagen ao lado do logotipo era uma característica da época, assim como a designação do produto adesivado na tampa do bagageiro.

Esta portava o obrigatório aerofólio preto, que tinha formas bem quadradas, algo que seria suavizado no Gol GTI pouco depois. A indicação 1.8 era indispensável. Na atualização, os retrovisores saíram da base das portas e foram para as colunas A, ganhando em tamanho. Eles eram pretos. Nas colunas B, uma moldura exclusiva com a sigla GTS em vermelho chamava atenção.

Antena elétrica, calhas de chuva e vidros verdes eram outros itens presentes no exterior, bem como o para-brisa degradê e o desembaçador elétrico do vidro traseiro, que vinha com lavador e limpador.

Mas, para deixar o GT na lembrança, a Volkswagen trocou as rodas de liga leve aro 14 polegadas no Gol GTS, que acabaram ganhando um acabamento integral diamantado, com círculos de refrigeração que lembravam “gotas d’água” e com cobertura (com chave) para ocultação e proteção dos parafusos. Os pneus continuavam os mesmos 185/60 R14.

Gol GTS: interior estiloso

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Como a Volkswagen sabia que a CIP não deixaria aumentar os preços no ano seguinte, a empresa decidiu não atualizar o interior do Gol e dos demais membros da família, algo que só aconteceu em 1988. Assim, o ambiente do Gol GTS era praticamente igual ao do Gol GT, tendo o painel de instrumentos ainda oriundo da Variant II.

Retilíneo, o conjunto do Gol GTS tinha mostradores analógicos bem distribuídos e de cor amarela, incluindo entre os itens, conta-giros, voltímetro e manômetro do óleo, além de nível de combustível e temperatura da água. Junto com ele, agora havia o volante de “quatro bolas” do Santana GLS (ex-CD).

Além disso, o vetusto painel de 1980 também recebia um filete vermelho, bem como tinha um conjunto mais completo, com alto-falante embutido, porta-luvas com chave, comandos de ar-condicionado, difusores de ar centrais e rádio AM-FM com toca-fitas.

Outra característica do Gol GTS era a alavanca de câmbio curta e tinha capa tipo sanfona, mas apenas a partir do modelo 88 é que a tradicional “bola de golfe” apareceu. O console era bem simples no modelo 87.

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No caso dos bancos, estes eram bem envolventes e com mescla de cores sóbrias que agradava. Além disso, eram feitos pela Recaro. Os apoios de cabeça eram ajustáveis e os assentos dianteiros tinham extensor para apoiar melhor as pernas. Estes bancos eram uma das coisas mais legais que haviam no Gol GTS.

Nessa época, com as mudanças de visual, o Gol GTS media 3,846 m de comprimento, 1,601 m de largura, 1,375 m de altura e 2,358 m de entre-eixos. O espaço interno não era dos melhores, dada a pouca altura do carro, mas isso era uma benção nesse esportivo, que não tinha nenhuma pretensão familiar, diferente das demais versões, que foram punidas por isso.

Atrás, o espaço era ainda pior, com a inclinação do teto e colunas C, mas caía bem à proposta do Gol GTS. O porta-malas tinha 273 litros sem o estepe colocado inclinado. Apenas o Gol BX (com motores 1300 e 1600 a ar) teve a primazia de oferecer o espaço completo sem interferência do pneu sobressalente, já que este ia no cofre do motor.

O tanque tinha 55 litros, suficientes para seu consumo.

Gol GTS: motor com algo a mais

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O Gol GTS herdou do GT o motor AP-1800S. Este propulsor de quatro cilindros e refrigerado a água já era um vovô em 1987, tendo sido gerado pela Auto Union quando esta pertencia à Daimler-Benz em meados dos anos 60, pouco antes de ser vendida para a Volkswagen, mas só estreou no Audi 100 em 1969.

Nessa época, 1987, o propulsor já estava em seu terceiro ciclo no Brasil, tendo agora biela longa, diferente das duas gerações anteriores. O “AP” se tornou famoso por suportar grandes cargas de energia em preparações com turbo, sendo ainda hoje desejado por conta disso.

Ainda com carburador de corpo duplo, comando acionado por correia dentada, pistões de 81 mm e seu longo curso de 86,4 mm, medidas que se tornaram conhecidas por qualquer amante de carros nos anos 80, o AP-1800S movia as 8 válvulas com tuchos mecânicos (com trabalhoso ajuste das pastilhas, diga-se de passagem).

Com 1.781 cm3 e taxa de compressão de 12:1, abastecido exclusivamente com álcool nessa época, o AP-1800S dava ao Gol GTS uma relação peso-potência de 9,70 kg/cv e uma potência específica de 55,59 cv/litro.

Montado em longitudinal, junto com o câmbio manual de cinco marchas curtas, que entregavam uma performance invejável, o esportivo Gol GTS tinha o melhor que se podia encontrar na época.

Gol GTS: lá dos anos 80, a história do esportivo sucessor do Gol GT

Com bloco de ferro fundido e comando auxiliar do distribuidor e bomba d´água no bloco, o AP-1800S tinha cabeçote de alumínio com comando “bravo” 049G, que dava ao propulsor um impulso maior que o desejado pela VW. Se hoje os clientes do up! TSI se surpreendem com relatos de 130 ou 132 cavalos no 1.0 TSI, os mais antigos sabem bem que isso nunca foi novidade.

Por questão tributária, já que na época, o IPI incidia sobre a potência dos carros, a Volkswagen mais uma vez encontrou uma forma de driblar as regras, declarando que seu Gol GTS tinha somente 99 cavalos a 5.600 rpm e 14,9 kgfm a 3.600 rpm. Na prática, porém, o fato foi “denunciado” por revistas especializadas, que calcularam entre 105 e 110 cavalos a potência do esportivo.

Outra que seguiu a mesma estratégia foi a General Motors com o motor Família II 2.0 OHC do Monza, que declarava 99 cavalos, embora em realidade tivesse 110 cavalos. Hoje, a declaração de potência do popular da VW tem outro sentido, o comercial.

Nos anos 80, qualquer novidade automotiva tinha sempre um motivo político-tributário por trás.

Assim, o Gol GTS podia levar seus 960 kg de 0 a 100 km/h em 11 segundos e com máxima de 167 km/h, suficientes para a diversão naqueles tempos. O consumo era de 6,4 km/l na cidade e 9,4 km/l na estrada. De condução esperta, o hatch esportivo era tido como um carro de desempenho muito bom, com boas respostas do AP, assim como de direção e freios.

A suspensão, sempre bem acertada, permitia até extrapolar com curvas feitas em três rodas, enquanto o câmbio de engate curto, macio e preciso levava o giro nas alturas, extraindo o máximo do AP, que não tinha limite de corte.

Em resumo, o Gol GTS tinha uma performance invejável para a ocasião, o que lhe ajudou a construir uma boa reputação, originada no anterior.

Atualizações

Gol GTS: lá dos anos 80, a história do esportivo sucessor do Gol GT

Em 1988, o Gol GTS ganhou um interior novo, com painel devidamente mais moderno, inspirado no do Passat de 1985, trazendo assim um layout visto até hoje nos carros da Volkswagen, com dois grandes mostradores analógicos, sendo um para o velocímetro e outro para conta-giros ou relógio.

Tinha relógio digital e medidores de temperatura da água e nível do combustível dentro dos mostradores maiores, além de novas luzes-espia. As teclas de faróis e outros itens agora eram satélites e perto dos dedos do motorista.

Difusores de ar, comandos de climatização e rádio ficavam agrupados verticalmente, assim como o console passou a ser integrado e com comandos adicionais, bem como porta-objetos.

A alavanca tipo “bola de golfe” chamava atenção no Gol GTS, e o ambiente mais sóbrio começa, a se impor, apesar dos bons bancos Recaro mais escuros. Vidros elétricos também davam ao esportivo mais conforto. Até os tapetes eram personalizados.

E assim, o Gol GTS se manteve até 1990, quando surgiu a terceira renovação exterior.

Gol GTS: lá dos anos 80, a história do esportivo sucessor do Gol GT

Nesse ano, o Gol GTS adotou o estilo popularmente conhecido como “chinesinho”, onde o capô foi novamente rebaixado e os faróis retangulares ganharam contornos arredondados junto à grade, que adotou diversos filetes horizontais.

As lentes amarelas nos piscas chamavam atenção. O para-choque não mudou, mas viria a ter cor cinza com filetes vermelhos.

As famosas rodas “orbitais” criaram uma legião de fãs no tuning até os dias atuais. Outra moda que o Gol GTS impôs ao mercado. na traseira, a tampa do bagageiro ficou mais suave. Também na linha 1991, o esportivo teve a potência declarada reduzida para 97 cavalos, mas com torque de 14,7 kgfm.

Na ocasião, passou-se a utilizar no Gol GTS a gasolina como combustível e o catalisador foi obrigatoriamente adicionado. A sigla GTS adesivada e o “1.8S” estampado davam o tom da proposta do esportivo nos anos 90.

Isso sem contar o aerofólio arredondado do GTI e as lanternas fumê, que deixavam o hot hatch bem legal. Após 1994, o Gol GTS deixou de existir por mudança de geração do produto e da obrigatória injeção eletrônica.

Gol GT

Gol GTS: lá dos anos 80, a história do esportivo sucessor do Gol GT

O Gol nasceu em 1980, mas devido ao uso do motor boxer 1300 e depois 1600, ambos a ar, associado com uma crise econômica, o hatch tinha tudo para virar um mico. Porém, em 1984, a Volkswagen decidiu elevar o status do modelo com o Gol GT.

Esse esportivo recebia um motor 1.8 com 99 cavalos e um câmbio manual de quatro marchas.

O visual era de um esportivo de época, com direito a spoiler frontal, faróis de milha, volante de quatro raios do Passat TS, rodas esportivas com raios em “V”, faróis de neblina, tampa traseira em preto com a sigla GT adesivada no vidro e bancos esportivos Recaro.

Chegou a ter opção de câmbio de cinco marchas para uma condução mais econômica.

Gol GTI

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Em 1989, a Volkswagen introduzia no mercado – embora com apenas 2.000 unidades iniciais – o Gol GTI, o primeiro carro nacional com injeção eletrônica. Seu motor AP-2000 era um 2.0 com 120 cavalos, que dava ao esportivo um desempenho muito bom.

Ele evoluiu até o Gol G3, ganhando no caminho um 2.0 16V de 146 cavalos, embora mantenha a versão de 8 válvulas.

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