Disputa faz Porsche esperar Natal para assumir controle da VW

Participação da Porsche na montadora alemã deve subir para 31%.
Relações da empresa com funcionários pioraram nas últimas semanas

Do New York Times

Porsche só deve assumir controle da Volks após o Natal (Foto: Divulgação)A Porsche está dando um presente de Natal adiantado aos funcionários da Volkswagen: uma promessa de não assumir o controle de sua empregadora – pelo menos não antes do Natal.

Em entrevista local, o presidente da Porsche, Wendelin Wiedeking, declarou que sua companhia de carros esporte não iria tomar nenhuma iniciativa para aumentar sua participação de 31% na Volkswagen antes de 25 de dezembro, mesmo já tendo recebido a recente autorização de um tribunal europeu para fazer isso. “O Natal é o feriado da paz; queremos criar um pouco de harmonia”, disse Wiedeking. Ele se recusou a dizer se a Volkswagen permaneceria como uma montadora independente por muito tempo depois do Ano Novo.

As relações da Porsche com seus funcionários tornaram-se mais conturbadas nas últimas semanas, ao mesmo tempo em que a empresa prepara-se para colocar a VW, muito maior do que ela, sob seu controle. Os representantes dos funcionários da Volkswagen estão processando a Porsche com o objetivo de ganhar maior influência na diretoria de supervisão da Porsche Holding, uma nova entidade corporativa criada pela Porsche.

A Porsche assegurou aos seus funcionários e aos da Volkswagen que cada grupo terá três assentos na nova diretoria, mesmo a Volkswagen tendo 324 mil funcionários, e a Porsche, menos de 12 mil.

Desentendimentos
Falando uma semana para coletiva de imprensa anual da Porsche, Wiedeking atribuiu a tensão ao desentendimento entre funcionários da Porsche e da Volkswagen. Ele afirmou que os dois grupos de funcionários poderiam alocar as seis cadeiras que representam os trabalhadores da maneira que julgassem mais conveniente. “Se concordarem, poderemos ter cinco dos membros da diretoria de supervisores vindos da Volkswagen e um da Porsche”, disse Wiedeking. “Caso não cheguem a um acordo, então teremos de ter três lugares para cada”.

Até agora, não há evidência de que funcionários das Porsche estejam dispostos a desistir das posições em favor dos colegas da Volkswagen. Wiedeking reconhece que a situação é “politicamente difícil” e pareceu estar sendo cauteloso para não trazer mais tensão à situação. Ele afirmou que ambos os líderes trabalhistas – Bernd Osterloh da Volkswagen e Uwe Hueck, da Porsche – têm personalidade forte e precisavam de tempo para se conhecer.

Ao mesmo tempo, Wiedeking não deixou dúvida de que seria um defensor dos funcionários da Porsche. “O fator decisivo é saber quem trabalhou e quem fez seu trabalho bem feito. E meus funcionários, juntamente com a gerência, fizeram bem seu trabalho”, declarou ele. “Eu não posso simplesmente desistir de meu pessoal”.

Decisão judicial
Wiedeking atribuiu muito da atual tensão à decisão de um Tribunal de Justiça Européia que estava sendo esperada há tempos e que saiu no mês passado. A medida pôs por terra uma lei Alemã de 1960 que protegia a Volkswagen de uma aquisição hostil. A lei havia limitado o direito à votação de qualquer investidor da VW em 20%, não importando quantas ações o investidor possuísse.

Ela havia sido criada para proteger os interesses da Lower Saxony, que possui aproximadamente 20% da Volkswagen e se vê como guardiã dos direitos dos funcionários. A Porsche não escondeu sua intenção de tomar controle total da Volkswagen e acumulou dezenas de milhares de dólares em opções da VW, algo que os analistas afirmaram que poderia se converter rapidamente em controle majoritário.

Mas Wiedeking disse que a Porsche não estava sob pressão para agir. Seus 31% combinados aos 20% da Lower Saxony fazem da Volkswagen uma empresa virtualmente inexpugnável a uma tomada de controle acionário.

Tradução: Luiz Marcondes

Fonte: G!-Globo Online