Do Tata Nano ao carro elétrico do Luc

Cledorvino Belini, presidente da Fiat, costuma enfatizar em suas apresentações que o Tata Nano é um projeto para o mercado indiano, inadequado para o Brasil na concepção atual. Em suas palestras ele recorre a um vídeo sobre o sistema de transporte na Índia para comprovar suas posições. No meio do tráfego caótico das principais cidades daquele país predominam veículos antigos, de duas rodas ou três rodas, improvisados para acomodar uma família. O Tata Nano será um passo à frente, mas ainda distante da realidade brasileira e das querências locais. Há ainda dúvidas sobre o comportamento de veículo do gênero frente a testes de impacto e emissões de poluentes – embora haja veículos chineses já à venda no Brasil, devidamente homologados, apesar das suspeitas sobre sua confiabilidade e respeito às normas de emissões. O que já se sabe é que o preço do Tata e do Bajaj não será de US$ 2,5 mil. Esse não será sequer o custo de produção, ao qual deverão ser acrescidos os impostos e comissões de distribuição. A elevação dos preços de matérias-primas como aço e derivados petroquímicos já acabou com as pretensões de chegar ao mínimo custo de US$ 2,5 mil. E aqui no Brasil? Com o governo como sócio nas operações automotivas, levando até 38% de tributos sobre o valor do carro, nem pensar em carro barato. Será preciso criatividade e inovação para mudar os conceitos no transporte pessoal e chegar a veículos compactos e econômicos. Belini chama a atenção para o contra-senso de se utilizar um carro de mil quilos para levar em geral menos de cem quilos.

Luc de Ferran, que desenvolveu o EcoSport na Ford, acredita que tudo será diferente na área de transporte pessoal nos próximos dez ou quinze anos e sugere o motor elétrico, plug in, como uma alternativa para carros compactos, mais inteligentes, conectados, leves, com autonomia de 80 a 100 km. “Essa autonomia seria mais do que suficiente na área urbana” – garante (1º de setembro).
Fonte: Automotive Business