Entrevista: Presidente da Anfavea, Luiz Moan fala de crise, governo e preço do carro

 Por: Daniel MessederNa TV ligada num canal de notícias, a cobertura de mais uma manifestação nas ruas do país – desta vez, por acaso, favorável ao governo. São 17h de uma quinta-feira cheia na agenda do presidente da Anfavea, Luiz Moan, quando ele interrompe a atenção na televisão para nos receber em sua sala, na sede da entidade no bairro de Moema, zona sul de São Paulo. Encerrando seu mandato à frente da associação que reúne as principais montadoras do país, o executivo que também é diretor de assuntos institucionais da General Motors revela, numa conversa franca, a visão das marcas sobre o atual momento de crise – e quando enxerga uma saída para o setorCARPLACE: Como foram esses três anos de Anfavea?Moan: Eu sabia que pegaria um momento de crise. As crises do setor automotivo são cíclicas, elas normalmente acontecem a cada sete anos. E já havia passado sete anos sem crise, então eu sabia que iríamos ter dificuldades. Não, porém, a crise que estamos enfrentando. Isso porque não foi uma crise de mercado, puramente econômica, mas sim uma crise politica que não somente contaminou a economia. Uma crise que, com a polarização da sociedade e brigas ideológicas e partidárias, onde ninguém pensou no Brasil, nos levou à esse momento de dificuldades. Hoje temos uma queda de mercado devido à queda de confiança. Não há perspectiva de retomada neste momento, não enquanto as questões políticas não forem ultrapassadas.Dentro da Anfavea, fizemos uma nova gestão administrativa, com melhora no corpo de funcionários. Hoje nós temos condições suficientes para realizar os estudos que precisamos internamente aqui na casa. Formamos uma massa crítica para termos estudos que serão usados em diversas gestões futuras. Na parte externa, barramos muitos projetos de leis que poderiam onerar o preço do automóvel, e muitas vezes com itens não importantes para o consumidor. E o principal: unimos a cadeia produtiva. O setor automotivo está unido, as entidades conversam. O trato é, sempre que for possível, tentar o consenso. Hoje conseguimos posições consensuais do conjunto de entidades que trabalham em prol do setor, como, por exemplo, a Abeifa associação das importadoras, com a qual fazemos diversos trabalhos em conjunto.
Fonte: UOL Carros / Carplace