Ford efetiva trabalhadores temporários

Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC

Depois da onda de demissões e a adoção de artifícios para a proteção do emprego – como reduções de jornada de trabalho e salários – a Ford, em São Bernardo, surpreende e promete efetivar 96 trabalhadores que estavam contratados em regime temporário até o mês de junho.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a medida reflete as melhorias no setor automobilístico. “A montadora está enfrentando a crise com a abertura de mais postos de trabalho e manutenção de renda”, destacou Paulo Cayres, diretor do sindicato e coordenador geral do SUR (Sistema Único de Representação) da Ford.

Segundo dados da Anfavea ( Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no mês de abril, a montadora americana licenciou 18.792 veículos, ante 17.501 no mesmo mês do ano passado – considerado período de auge nas vendas. No primeiro trimestre de 2009, o número chega a 74.373 unidades, contra 55.355 veículos no mesmo intervalo de tempo de 2008.

TEMPORÁRIOS – A unidade da Ford da região emprega cerca de 3.500 trabalhadores. Os 96 funcionários temporários iniciaram as atividades em dezembro de 2007 e o contrato vence em 17 de junho.

Segundo comunicado divulgado pela empresa, as efetivações serão definidas após avaliações de desempenho, conforme acordado previamente com o sindicato. A Ford garante que o número total de funcionários efetivados – que pode chegar a 96 – será divulgado em breve, após o período de análise.

Os trabalhadores em questão atuam na área de manufatura da empresa. A montadora não informou quantos colaboradores atuam em regime de contrato temporário atualmente.

“Acreditamos que a efetivação desse grupo seja a primeira etapa de uma luta, pois continuamos trabalhando para que sejam efetivados outros trabalhadores que estão nessa situação”, explicou Cayres.

O coordenador destacou que o sindicato e a Ford têm debatido a necessidade de criar alternativas para ampliação dos postos de trabalho. “Essas contratações são os primeiros frutos dessa luta. Queremos outras notícias boas como essas nos próximos meses”, concluiu.

HISTÓRICO – Desde setembro de 2008, quando a economia global começou a sentir os primeiros efeitos da crise econômica, o mercado nacional tem se deparado com as demissões em massa.

Para driblar a crise, sindicatos e empresas utilizam mecanismos, como banco de horas, reduções de jornada de trabalho e salários e PDV (Programa de Demissão Voluntária) para preservação do emprego.

Em março, a montadora americana lançou mão de um PDV. Na ocasião, a Ford alegou a necessidade de ajuste no número de trabalhadores aos níveis de produção.

Segundo Cayres, o setor de caminhões ainda preocupa a empresa. Com cerca de 1.000 trabalhadores atuando na linha de produção dos veículos pesados, a queda brusca nas exportações ainda traz insegurança. Tanto que, para adequar a produção à queda na demanda por caminhões, a montadora deu férias coletivas aos trabalhadores entre os dias 2 e 16 de março.

Fonte: Diário do Grande ABC