Montadoras do Brasil se descolam das matrizes

São Paulo – Há poucos anos, quando um dirigente da General Motors do Brasil visitava a sede do grupo, em Detroit, conseguia cinco minutos na agenda do presidente da companhia. Na última quinta-feira, em passagem pelos Estados Unidos, Jaime Ardila, presidente da GM brasileira, almoçou com Rick Wagoner, número um no comando da GM mundial, e jantou com Fritz Henderson, o número dois do grupo. “Somos vistos com olhos de esperança”, afirma Ardila, ao explicar como o Brasil é tratado hoje pela matriz americana. Assim como a GM, as filiais brasileiras da Fiat, Volkswagen, Ford, Renault e PSA Peugeot Citroën ganharam novo status desde que seus resultados se descolaram da crise enfrentada pelas montadoras americanas e do baixo crescimento das empresas na Europa Ocidental.
Os resultados das subsidiárias brasileiras na primeira metade do ano vão muito além do obtido nos países sedes e mesmo nos balanços mundiais. As vendas da GM do Brasil aumentaram 32% entre janeiro e junho, na comparação com igual período de 2007. Nos EUA, as vendas da marca caíram 16,5%. No mundo, a queda foi de 3%. Enquanto amarga prejuízos e promove uma reestruturação nos EUA, seu maior mercado, no Brasil a GM amplia turnos de trabalho, abre novas fábricas e se prepara para um novo ciclo de investimentos. Um dos motivos da visita de Ardila à matriz foi iniciar as discussões da liberação de US$ 1 bilhão para a renovação de toda a linha de veículos da marca entre 2009 e 2012. Mesmo gerando recursos próprios, o aval para o gasto vem da direção mundial. Do ano passado para cá, a empresa já anunciou US$ 1,5 bilhão para o Brasil e a Argentina.
Com resultados positivos, as subsidiárias passam a ter peso importante nas grandes corporações. “Decisões de investimento, por exemplo, acabam sendo canalizadas”, diz Dario Gaspar, vice-presidente da consultoria A.T. Kearney. Outro ganho é a transferência de centros de desenvolvimento para a criação de produtos adaptados aos gostos das regiões onde atuam, ressalta o consultor. As montadoras brasileiras se beneficiam de uma economia em crescimento, apesar das recentes preocupações com a inflação. O mesmo fenômeno se repete em outros países emergentes, bloco ao qual as multinacionais estão se agarrando para evitar que seus resultados globais sejam ainda piores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (AE)

Fonte: Agencia Estado