Nissan diz que Brasil só exporta impostos e pede plano nacional

Fonte / Noticias Automotivas

A crise da Ford está mexendo com o setor automotivo nacional e agora mais um executivo da indústria se manifesta sobre a situação do mercado nacional. Marcos Silva, presidente da Nissan, falou sobre o estado atual.

Ainda que a previsão para 2021 seja de crescimento de 25%, após a queda de 36% em 2020, devido à pandemia de coronavírus, Silva disse que o ano passado foi atípico para todo o mundo e que se esperava uma retomada do ritmo no segundo semestre.

Para 2021, ele prevê que a indústria automotiva produza 15% mais que em 2020, chegando em algo entre 2,3 milhões e 2,4 milhões como um todo. Apesar disso, a Nissan vê um terreno instável para este ano.

O motivo são variáveis que podem influenciar o mercado nacional de forma positiva ou negativa. Espera-se pela reforma tributária e administrativa, que seria um bom sinal, mas teme-se a desvalorização do real e o aumento de inflação, que jogariam os números para baixo.

Isso sem contar a segunda onda de Covid-19, que pode mudar tudo isso. Para a Nissan, de sua parte, se espera crescimento entre 20% e 25% este ano. Já em 2022, a empresa trabalha com um mercado de 2,7 milhões.

Marcos Silva comentou que o Brasil precisa sem tornar competitivo, pois, mesmo com parque de 5 milhões de veículos, hoje o mercado é de 2 milhões e não dá para competir com os demais, fazendo com que a ociosidade seja convertida em exportações.

Mesmo com a desvalorização do real, que torna o produto nacional mais barato, a tributação para enviar carros para o exterior é alta. Assim, o Brasil perde a chance de ser forte num momento de queda do mercado. Silva diz que o país exporta impostos.

Silva ainda reclama da burocracia para exportar, assim como comenta que mesmo com a menor taxa de juros da história, não há financiamentos para os consumidores.

Além disso, fala que o investimento para fazer um produto no país é alto e que não há garantias de retorno, o que as matrizes ficam observando com preocupação. Alta do dólar e falta de insumos também pioram a situação para o Brasil.

Já sobre a política de estado, Marcos Silva defende um plano de desenvolvimento do país e não do governo. Regras mais claras e uma política de longo prazo geram confiança e garantem aprovação de investimentos locais. Sobre a Ford, o chefe da Nissan disse que cada companhia tem sua estratégia e reforçou que a previsibilidade torna o setor competitivo.