Os híbridos descobrem o caminho do Brasil

Jornal do Brasil | | 26/5/2008

Na terra do carro flex, dirigir um veículo híbrido deixa uma sensação de decepção. A GM trouxe para testes no Brasil dois modelos que vendem bem nos EUA, movidos pela combinação gasolina-eletricidade. O SUV Tahoe e o sedã Malibu são grandes e parrudos para o padrão brasileiro. A tecnologia híbrida tenta manter os fortes motores e plataformas, economizando no que dá.

Malibu e Tahoe ainda não são o futuro em termos de sustentabilidade, mas mostram o caminho. Os motores elétricos, no Malibu, garantem o funcionamento do carro quando este está parado. Já o Tahoe é mais avançado – anda a até 48 km/h por tempo indeterminado.

Os dois sistemas são uma solução para o trânsito das grandes cidades. Estatísticas da montadora apontam o pára-e-anda como a hora de maior perda de combustível. O segredo é a forma de usar: se pisar com mais força no acelerador, o carro automaticamente acionará o motor a combustão e se igualará aos milhões de outros veículos.

Esta foi a principal impressão ao dirigir os modelos da GM no autódromo de Interlagos, São Paulo. As montadoras com foco nos EUA ainda fazem carros grandões (também bonitos) para o país que mais consome veículos no mundo. Sem se esquecerem do torque, que ainda está ali, se o cliente quiser usar e abusar. A GM tem uma lista crescente de espera, mas o híbrido ali é apenas um embrião. (A Toyota tem a liderança nessa área, com o Prius).

Vendeu menos de dois mil modelos em 2008 em um mercado que consome 15 milhões de unidades por ano.

O Malibu tem boas chances de rodar no Brasil. A GM estuda importá-lo, primeiro na versão a gasolina. Mas há chances de se trazer também o híbrido. O problema é que o país ainda não tem legislação para homologá-lo; em São Paulo há estudos em andamento. Uma outra questão é a da segurança. O híbrido tem baterias que, em geral, transmitem alta voltagem. O sistema da GM as corta em caso de acidente, mas mesmo assim bombeiros têm de ser treinados para atuar. Para evitar choques, deve-se desligar a bateria de 12 volts, também conectada ao sistema elétrico. Será preciso uma conscientização até de quem dirige.

O Malibu foi apresentado no Salão de Detroit (EUA). A US$ 20 mil, já é um dos mais vendidos – o híbrido custa US$ 2 mil a mais. No Brasil, deve ser posicionado entre Omega e Vectra, a R$ 100 mil. É um sedã bonito e versátil. Se vier com sistema híbrido, economiza 20% de combustível em relação ao modelo só a gasolina. O funcionamento dos dois motores é controlado por softwares, que fazem a mudança entre eletricidade e combustível fóssil. O carro tem uma bateria no banco de trás, que alimenta um motor elétrico/gerador de 36 volts, combinado com motor de 4 cilindros de 2,4 litros. A transmissão é Matic de 4 velocidades.

O acúmulo de energia na bateria é feita com uma força que até então era desperdiçada. Quando se freia, se produz energia. É esta força que é captada pelo motor elétrico – que também tem a função de um gerador – e armazenada pela bateria.

Por ser maior, o Tahoe armazena mais força na bateria de 300 volts. O SUV economiza até 50% com sistema híbrido em relação à versão a gasolina. A maior economia também é influenciada por um sistema que reduz de 8 para 6 ou 4 cilindros, o funcionamento do motor.

Para um SUV a economia é fantástica – desde que não se pise fundo. Com o galão a US$ 4, a tecnologia só tende a ganhar adeptos. Em levantamento interno, a GM apurou que a combinação eletricidade/gasolina atinge 8,9 km/l na cidade e 9,4 km/l na estrada, para modelos equipados com tração de duas rodas. Na versão com motor 5.3 os índices caem para 5,9 km/l na cidade e 8,5 km/ l na estrada, com cilindradas e potência menores.

Quando não se está nem aí para a economia e o meio ambiente, o Tahoe mostra uma força descomunal para os seus 337 cavalos. O SUV perde a aparência de um comportado carro de família para um esportivão com o centro de gravidade elevado, ou seja, alto. Na reta de Interlagos, mostrou um desempenho que deixaria para trás muito esport
Fonte: Wetranspo