Pequenos diminuem, grandes crescem

Joel Leite, da Agência AutoInforme

Por que o brasileiro compra tanto carro popular? Metade de todas as vendas no Brasil ainda é no segmento de entrada, com motor 1.0. Mas só um motivo leva o brasileiro a comprar um automóvel com estas características, pequeno, com poucos equipamentos e motor de baixa potência: o preço!

Tanto que o aumento do poder aquisitivo e a facilidade de financiamento está levando o consumidor a comprar carro maior e com motor mais potente. O mercado cresceu 35% este ano e o popular apenas 21%. No ano passado o carro de 1.000cc representava 55% das vendas. Neste ano é 51%. O brasileiro gosta de carro grande, potente. Nesse aspecto o consumidor está mais próximo dos estadunidenses do que dos europeus.

O crescimento das vendas está revelando mudanças no mix no mercado interno: enquanto o popular cai, picapes e utilitários esportivos crescem. Em um ano a procura por picape ampliou-se de 150 mil para 192 mil unidades e a por utilitários esportivos de 63 mil para 140 mil. Com o financiamento a longo prazo o consumidor pula de um carro pequeno para um médio pagando valor similar de prestação.

Realidade – Apesar deste princípio de migração do chamado carro de entrada para veículos maiores, a realidade é que entre os veículos mas vendidos no País ainda predominam os pequenos. O Gol, líder do ranking, é o único automóvel no Brasil que vendeu mais de 100 mil unidades no cinco meses de 2008. De janeiro a maio foram 114.412 unidades. O Palio aparece com pouco mais de 90 mil no acumulado do ano e na segunda posição do ranking.

O destaque na lista do acumulado do ano é a Strada, única picape entre os primeiros 15. Ela está em oitavo lugar. O Sandero vem crescendo nas vendas e já ocupa a 21ª colocação, na frente do Corolla. O Civic mantém a sua boa performance, está na nona posição e é o único carro médio entre os dez mais. O Ka, que começou a ser vendido depois do carnaval, é o 11º, mas como vem crescendo nas vendas a tendência é tirar o lugar do Fiesta já nos próximos meses.

Revisão de meta – O mercado está tão aquecido que as fábricas decidiram rever as metas para este ano. Na projeção apresentada na última reunião da Anfavea a expectativa de vendas no ano cresceu de 17,5% para 24,2%. A indústria é muito prudente em relação às previsões, não acredita na estabilidade, na manutenção das regras econômicas e fiscais. Além disso, ela também não paga para ver, quer dizer: só dá um salto de produção, só investe numa nova linha de montagem, numa nova fábrica, quando tem a segurança de que o mercado não vai recuar.

Os empresários estão escaldados com frustração de um passado recente, quando quase todas as empresas de veículos do mundo investiram pesado no Brasil na década passada e o mercado retraiu.

Por isso, quando os prudentes empresários do setor automobilístico aumentam a previsão sete pontos percentuais, é sinal de que a situação vai muito bem.

Os números de maio solidificaram as vendas de veículos, colocando-as em novo patamar, de mais de 200 mil unidades mensais. Nos quatro primeiros meses do ano passado as vendas ficaram abaixo das 200 mil unidades, apenas maio atingiu esse patamar: 210.870 veículos. Neste ano a marca foi obtida, de janeiro a maio, em todos os cinco primeiros meses. A média mensal de vendas é de 231 mil veículos.

Com esses números, a previsão para este ano é atingir 3 milhões de unidades vendidas no País. Com isto, o Brasil entrará no grupo de elite mundial de consumo interno de veículos, formado por EUA, China, Japão, Alemanha e Inglaterra, deixando para trás Itália e França

Fonte: Diário do Comércio