Renault abre centro de design no Brasil

Outras montadoras também trazem pesquisa para o País

Cleide Silva

O crescente aumento de vendas nos países da América do Sul, em especial no Brasil, está levando as montadoras a transferirem para a região centros de criação e design de automóveis, atividades antes restritas às matrizes. O papel desses laboratórios é o de desenvolver veículos com características que atendam ao consumidor local e também o de ajudar as próprias matrizes no desenvolvimento de carros mundiais, que depois recebem pequenas modificações para se adaptar à regiões onde são produzidos ou vendidos.

A Renault do Brasil inaugurou ontem, em São Paulo, o Renault Design América Latina (RDAL), o primeiro estúdio da marca francesa no continente americano. O centro começou a funcionar com cinco projetos. Dois deles são de carros para o mercado local (sem data de lançamento), outro é um veículo conceito que será exposto no Salão do Automóvel em outubro e duas prováveis adaptações de carros criados pela matriz, derivados do Logan.

Com o RDAL, a Renault, que hoje detém 4% das vendas de veículos no Brasil, segue os passos das fabricantes Fiat, Volkswagen, GM e Ford, que já dispõem de centros de desenvolvimento. As quatro têm 77% do mercado nacional. Recentemente, a PSA Peugeot Citroën também nacionalizou seu departamento de criação.

“Temos muitas ambições para o desenvolvimento de produtos no Brasil”, diz o vice-presidente de design da Renault na França, Thierry Metroz. “Estamos no País há vários anos, mas nunca tínhamos desenvolvido produto específico para esse mercado”, diz ele, ao confirmar que o aumento nas vendas foi determinante na decisão.

O presidente da Renault do Brasil, Jérome Stoll, lembra que as vendas na América do Sul cresceram 18% em 2007. A Renault cresceu 33%. No Brasil, as vendas subiram 28%, enquanto a marca cresceu 43%. Já no primeiro trimestre de 2008, as vendas da Renault cresceram 72%, contra 31% do mercado.

A Renault passa a ter seis estúdios de design na França, Espanha, Coréia, Índia, Romênia e Brasil. Todos têm capacidade para criar projetos, mas a decisão de produzir e o desenvolvimento da engenharia continua sendo da matriz, que concentra um centro com 12 mil engenheiros e designers. O estúdio brasileiro tem dez profissionais. “A idéia é entender e respeitar as preferências e a cultura do consumidor local”, afirma Stoll.

Ele admite que um carro brasileiro ainda vai demorar a se concretizar, mas diz a que a filial terá maior autonomia na medida em que sua participação nas vendas aumentarem.

VISTEON

Além das montadoras, fabricantes de autopeças também investem em centros de desenvolvimento no Brasil. Na próxima semana, a Visteon, fabricante de componentes eletrônicos e de climatização, vai inaugurar em Guarulhos (SP), o TechCenter, centro de testes automotivos. O laboratório terá, por exemplo, uma câmara térmica para submeter equipamentos a condições de uso real, teste hoje feito nos Estados Unidos.

A Fiat vai inaugurar, no fim do ano, um laboratório de segurança que fará o chamado crash test, quando o carro é arremessado contra a parede para verificar os resultados do impacto no veículo e nos ocupantes. Hoje, os novos carros são enviados à Itália para fazer o teste. Volks, GM e Ford também tem investido em pesquisa e desenvolvimento no Brasil.

Fonte: Agencia Estado