Revolução eletrônica muda o mundo automotivo

Quem pensa que os carros nunca foram tão eletrônicos ainda não viu nada. A mediana das tendências apresentadas na 20ª Automechanika, em Frankfurt, Alemanha, mostra que muito mais está por vir. Para se ter idéia de quanto, a agência de comércio exterior de Taiwan, um dos maiores fornecedores mundiais de eletrônica automotiva, estima que até 2010 o consumo de componentes eletrônicos para veículos deverá girar nada menos de US$ 200 bilhões/ano.

De hoje a 2015, a enorme demanda por informação e entretenimento nos veículos agregará algo como mais vinte centrais eletrônicas em cada automóvel fabricado, segundo estimativas da Delphi, também apresentada durante a Automechanika. Já os taiwaneses projetam que, na virada da próxima década, a presença média de eletrônicos nos automóveis saltará de atuais 20% para 40% do total de componentes.

A tecnologia da informação domina cada vez mais os veículos com uso intensivo de sistemas eletrônicos sofisticados, incluindo semicondutores, sensores de todos os tipos, computadores de bordo, navegação por GPS, iluminação com leds, telas de cristal líquido e até o já quase-velho DVD para assistir filmes a bordo. Tamanha procura tem atraído novos fornecedores para a indústria automotiva, que hoje compra serviços e equipamentos de gigantes do setor de informática como Microsoft, Intel, BenQ e LG.

Ao mesmo tempo as exigências de proteção ambiental e de maior segurança aumentam ainda mais o embarque de gerenciamento eletrônico nos veículos, que comanda sistemas de propulsão híbrida elétrica ou bicombustível, desliga e religa automaticamente o motor no trânsito, controla o funcionamento para baixar níveis de emissão de poluentes, ajuda na condução e frenagem, detecta possíveis acidentes e aciona freios e equipamentos de proteção, monitora a pressão dos pneus, dentre tantos outros dispositivos.

As possibilidades parecem infinitas e o faturamento dos fornecedores de eletrônicos veiculares promete aumentar na mesma proporção nos próximos anos. Taiwan projeta crescimento de 5% a 6% ao ano nas vendas de componentes de hoje a 2010. Este ano o setor de autopeças inteiro deve faturar algo em torno de US$ 640 bilhões e deste total perto US$ 150 bilhões, ou 23%, entrarão no caixa dos fabricantes de auto-eletrônicos. Na virada da década a receita total estimada é de US$ 740 bilhões, dos quais US$ 170 bilhões virão dos eletrônicos automotivos.

Oportunidades – Frank Ordoñes, vice-presidente da Delphi e presidente da área de produtos e serviços, enxerga na consolidação eletrônica dos veículos uma “grande oportunidade para agregar valor ao negócio da reparação e manutenção automotiva”.

O executivo argumenta que, com a introdução de diversas tecnologias eletrônicas ao longo dos próximos anos, deverá crescer o número de serviços de aftermarket, além de aumenta a quantidade de equipamentos de diagnóstico.

“Existe a mudança do mecânico para o eletrônico e isso mudará completamente as oficinas e seus serviços. No mercado de reposição será necessário, por exemplo, reciclar novos tipos de baterias e remanufaturar componentes dos carros elétricos.”

Não é por acaso que a própria Delphi, grande fornecedora de muitos desses novos componentes, aposta em ganhos no mercado de reparação com rede de oficinas autorizadas que chega a 5 mil endereços em todo o mundo, metade deles na Europa – e quatrocentos centros foram abertos apenas no último ano. Ao mesmo tempo a empresa investe na fabricação de aparelhos de diagnóstico – na Automechanika anunciou associação com a Autocom AB para execução de novos projetos nessa área. Na era da auto-eletrônica a principal ferramenta é o computador.
(Pedro Kutney, de Frankfurt)

Fonte: Boletim Autodata