Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

Em meados da década de 90, a General Motors do Brasil estava em franca “modernização” de seu portfólio de produto, pois pouco antes disso, apenas o Monza era um projeto dos anos 80, enquanto os demais remetiam aos anos 60 e 70.

Em colaboração com a Adam Opel AG, na ocasião pertencente ao fabricante americano, a filial brasileira trouxe quase tudo da Alemanha, inclusive uma família de compactos, que entre os membros, havia uma simpática perua, chamada Corsa Wagon.

Ela não foi uma sucessora da Chevrolet Marajó, pois a GM tinha lançado no fim dos anos 80, a Ipanema, derivada do Kadett, com tamanho pouco maior que a da familiar do Chevette.

Ainda assim, a Ipanema durou até 1997 e a Chevrolet Corsa Wagon ficou sozinha na base de entrada da marca. Pequena e já definitivamente com as quatro portas, que estavam dominando as peruas no mercado brasileiro, ela aproveitou o melhor momento da GM naquela época, onde toda a gama foi completamente atualizada.

Corsa Wagon: o nascimento

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

A Corsa Wagon surgiu de um bom projeto da Opel, que era o hatch compacto europeu de acesso, que em 1994, entrara em sua segunda geração. Desta vez, o pequenino alemão se tornaria global, atingindo com força mercados em desenvolvimento, como o brasileiro.

O chamado Corsa B gerou uma família bem interessante, que era composta de um hatch de quatro portas e carroceria diferenciada, um sedã com o mesmo número de entradas, uma perua (Corsa Wagon) e uma picape. Isso sem contar o cupê Tigra e um furgão (Opel Combo). O hatch de duas portas e desenho arredondado era o líder do grupo.

A estratégia da GM era tão consistente que não tivemos apenas o Combo e ainda teve o desenvolvimento da picape localmente, sem contar dois derivados diretos, os Celta e Prisma na década seguinte. Então, se a família estava reunida aqui, a Corsa Wagon era quem comandava as compras da casa e levava as crianças na escola.

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

Com 4,026 m de comprimento, 1,608 m de largura, 1,387 m de altura e 2,443 m de entre-eixos, a Corsa Wagon era bem pequena e podia caber em qualquer garagem. Seu pequeno porta-malas tinha 401 litros ou 1.150 com o banco traseiro rebatido, segundo medição padrão da GM, tendo outros 46 litros no tanque de combustível. No bagageiro, o destaque eram os compartimentos ocultos sob duas tampas no assoalho.

Pesando em torno de 1.020 kg, a Corsa Wagon tinha uma boa performance com a opção de três motores ao longo de sua vida comercial, que foi de 1997 a 2002 no Brasil. Como compartilhada diversos componentes com os demais membros da família, a perua pequenina quase não tinham exclusividades.

Na suspensão, McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, com molas e amortecedores separados. A plataforma era consistente para a época e havia somente freios a disco na dianteira, com opção de freios com assistência do sistema ABS. Sempre oferecida com câmbio manual, nunca teve opção automática no Brasil.

Corsa Wagon: o design

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

Visualmente a Corsa Wagon era bem semelhante ao Corsa hatch e demais. A frente era baixa e tinha contornos suaves, chamando atenção pelos faróis amendoados com piscas integrados. A grade era pequena e tinha somente um friso, além do logotipo da Chevrolet em um círculo cromado pequeno, inspirado na Opel.

O para-choque era bem limpo e tinha somente um vinco pronunciado, além de poder dispor de faróis de neblina. havia uma entrada de ar inferior retangular, mas o gancho para reboque era bem proeminente, destoando do conjunto. Os retrovisores fundidos com as colunas A eram influência do Vectra da época.

O conjunto de portas e janelas era equilibrado visualmente, dando harmonia ao veículo. As maçanetas eram embutidas e os frisos laterais na cor do carro eram discretos. A área envidraçada era grande e dava boa visibilidade ao motorista e ocupantes. As colunas D se curvavam ligeiramente para frente, junto com a vigia traseira, de bom tamanho.

A comunalidade na família Corsa era tal que a perua tinha as mesmas lanternas do hatch de 4 portas e sedã, por exemplo. Até a tampa do bagageiro era similar ao do primeiro, mas com extensão mais baixa, pois o para-choque era exclusivo da Corsa Wagon, sendo rente ao assoalho do porta-malas. Rodas de liga leve de desenho elegante tinha aro 14 polegadas com pneus 185/60 R14.

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

Saias de rodas integradas ao desenho dos para-choques também davam um charme a mais à Corsa Wagon, que também vinha com barras longitudinais no teto, como toda boa perua que se preze. Sobre a placa traseira, havia ainda uma moldura com o limpador do vidro, que tinha igualmente lavador e desembaçador. Uma antena no teto, mais atrás, fechava o pacote.

Por dentro, a Corsa Wagon seguia fielmente as normas da casa. O painel era comum a todos e nesse caso, vinha com cluster analógico com dois mostradores grandes e dois pequenos, todos de boa leitura. Basicamente tinha velocímetro, conta-giros, nível de combustível e temperatura da água.

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

O volante de três raios não era dos mais agradáveis em estética, enquanto o conjunto frontal chama atenção para os difusores padronizados e barra horizontal, que abrigava na parte superior, um check control com direito a relógio digital. Os comandos do ar-condicionado vinham logo abaixo dos difusores centrais e então surgia o rádio AM-FM com toca-fitas.

Os vidros elétricos tinham comandos nas portas e os retrovisores, também elétricos, dependendo da versão, tinham botão junto ao puxador da porta. A Corsa Wagon tinha um bom acabamento dos bancos, fruto ainda da filosofia da Chevrolet dos anos 80, tendo espaço interno adequado à proposta.

Na linha 2000, a grade ficou maior e com grelha personalizada, assim como o para-choque adotou vincos mais destacados e pronunciado, assim como grade inferior maior. Os faróis de neblina foram modificados e as lanternas ganharam lentes boleadas, mantendo o mesmo formato básico. Retoques internos e novas rodas foram adicionados.

Corsa Wagon Tonga: o conceito

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

No final dos anos 90, a GM queria ir pelo caminho aventureiro, que estava começando a nascer. A perua Corsa Wagon Tonga era um conceito que abraçava a causa apelativa dos fora de estrada urbanos.

Tinha suspensão elevada, saias de rodas abauladas, para-choque cinza com barra de impulsão e grade com barras verticais, faróis de neblina destacados e teto cinza, chamando a atenção para a cor em um tom de amarelo, visto também nas rodas de liga leve.

Corsa Wagon: motores

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

A Corsa Wagon teve três motores em seus cinco anos de vida por aqui. Ela chegou ao mercado com o Família I da GM em 1.6 litro, com o diferencial de ter cabeçotes de 8V ou 16V. Com 1.598 cm3, o pequeno motor tinha cabeçotes de fluxo cruzado, tuchos hidráulicos, injeção eletrônica multiponto, correia dentada, cabeçote em alumínio, entre outros.

No motor de 8V, comumente usado na versão GL e abastecido com gasolina, o 1.6 tinha 92 cavalos a 5.600 rpm e 13 kgfm a 2.800 rpm. Além disso, havia o câmbio manual de cinco marchas “close ratio”, tendo engates suaves e precisos, já que dispensava varão e usava cabos para acionamento na caixa. Isso permitia à Corsa Wagon 1.6 8V ir de 0 a 100 km/h em 12,3 segundos com velocidade máxima de 177 km/h.

Mas, melhor mesmo, era o consumo, já que esta versão da Corsa Wagon fazia 11,5 km/l na cidade e ótimos 16,9 km/l na estrada. Ou seja, com 46 litros, podia teoricamente rodar 777 km. Nada mau.

Além do baixo peso, do bom torque em baixa e da relação de marchas adequada, ela tinha ainda coeficiente aerodinâmico de 0,35.

Mas, a Corsa Wagon tinha em sua versão GLS com motor 1.6 16V. Este vinha com duplo comando no cabeçote de alumínio, acionado também por correia dentada e duas polias. Ele entregava 10 cavalos a mais com taxa de compressão de 9,8:1, tendo 102 cavalos a 6.000 rpm e 14,8 kgfm a 4.000 rpm.

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

Nesse caso, as 4 válvulas por cilindro permitiam maior vazão de mistura ar-combustível, mas isso era vantajoso em alta rotação, pois em baixa não havia a compensação com sistemas de variação de abertura e fechamento de válvulas, algo ainda raro na época. Com 1.061 kg, a Corsa Wagon 1.6 16V não era tão mais ágil na aceleração, indo de 0 a 100 km/h em apenas 12 segundos.

Entretanto, a velocidade final era de 184 km/h, o que na prática não adiantava nada, pois era a agilidade nas saídas e ultrapassagens que os clientes queriam. Ainda assim, o consumo era bom, fazendo 10,9 km/l no ciclo urbano e 14,8 km/l no rodoviário, sempre com gasolina.

A sensação de falta de força nos motores 16V, como na Corsa Wagon, forçariam o mercado a adotar as 8V em definitivo na década seguinte.

Mas, fora isso, a Corsa Wagon também teve outro motor. Na virada do século, o mercado estava abraçando carros populares com motor 1.0 mais potentes. Assim, a GM entrou na mesma onda de Fiat, Volkswagen e das recém-chegadas Peugeot e Renault, que compartilhavam o mesmo motor (Renault).

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

Então, surgiu a Corsa Wagon Super, com o mesmo GM Família I 1.0 16V usado nos Corsa hatch (2 e 4 portas) e Sedan. Com 999 cm3, esse pequeno quatro cilindros era uma reprodução reduzida do 1.6 16V, tendo as mesmas tecnologias, mas com 68 cavalos a 6.000 rpm e 9,2 kgfm a 4.000 rpm. Note que até as rotações eram as mesmas.

Nesse caso, a Corsa Wagon Super pesava apenas 975 kg e tinha pneus 165/70 R13, indo de 0 a 100 km/h em longos 15,7 segundos e com máxima de somente 160 km/h. Na ocasião, já se percebia que uma motorização como essa era muito ruim para a perua. Aliás, para qualquer outra do mercado.

Isso se refletia não só no desempenho, mas também no consumo, que na cidade era de 8,3 km/l e na cidade de somente 13,7 km/l. Ou seja, o motor era fraco e exigia rotações mais altas, o que consequentemente fazia o tanque secar mais rápido. Mas era aquilo, a GM precisava baixar o preço da Corsa Wagon para brigar com VW Parati e Fiat Palio Weekend.

Corsa Wagon: versões

Corsa Wagon: a perua compacta cheia de estilo dos anos 90

A Corsa Wagon teve basicamente três versões, já citadas acima. Originalmente, a mais “simples” era a GL, que tinha motor 1.6 8V de 92 cavalos, já detalhado também. Esta vinha com direção hidráulica e podia ter ar-condicionado, vidros elétricos nas quatro portas, travas elétricas, alarme, conta-giros, bancos em veludo, apoios de cabeça vazados, rodas de aço aro 13 polegadas com calotas, pneus 165/70 R13, banco traseiro rebatível, retrovisores pretos, maçanetas pretas, barras longitudinais no teto, sistema de áudio, moldura da placa preta, lavador e limpador do vidro traseiro, desembaçador traseiro, para-brisa degradê, volante de dois raios (bonito, por sinal), entre outros.

No caso da versão GLS, o pacote da Corsa Wagon era bem mais generoso, tendo motor 1.6 16V mais potente, além de rodas de liga leve aro 14 polegadas com pneus 185/60 R14, retrovisores com ajustes elétricos, faróis de neblina, retrovisores e maçanetas na cor do carro, antena no teto, moldura da placa na cor do carro, sistema de áudio com toca-fitas, banco traseiro bipartido, cintos de três pontos no banco traseiro, banco do motorista com ajuste de altura e freios ABS, sendo que alguns dos itens eram naturalmente opcionais.

Na versão Super, o acabamento era mais simples, não tendo muito dos equipamentos citados, nem mesmo vidros traseiros elétricos. Ar-condicionado e direção hidráulica estavam entre os itens que podiam ser adquiridos com a Corsa Wagon 1.0 16V, que servia naturalmente de opção de acesso para o modelo.

Corsa Wagon no mundo

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Em 2002, a Corsa Wagon estava com vendas em baixa e a GM estava mudando de geração do Corsa, que passava do B para o C, ambos com origem Opel. Então, a Chevrolet optou por trazer ao Brasil a minivan Meriva, que era de um segmento que estava começando a matar as station wagons no mercado nacional.

Assim, após cinco anos, a Corsa Wagon saiu de cena no Brasil, mas continuou no mundo, onde foi fabricada com o Corsa em alguns dos 13 países que fizeram partes dessa família alemã. O mais interessante é que a perua foi vendida na China como Buick SR-V, versão perua do primeiro Sail (Classic). Foi extremamente popular também na Argentina e no México.

Com seu fim, a Chevrolet apostou nas minivans com Meriva, sua substituta, e a Zafira, ocupando o lugar que um dia foi da Suprema, embora bem mais popular que esta. Desde então, nenhuma outra perua da GM foi feita por aqui e das duas minivans, agora só resta a mais recente Spin. A Corsa Wagon deixou saudades. Na linha Corsa, o Classic seguiu adiante até poucos anos atrás.

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