Mercedes-Benz Actros: uma volta no caminhão de R$ 585 mil que substitui retrovisores por câmeras

Um dos últimos lançamentos da Mercedes-Benz estreará no mercado brasileiro em 2020 equipado com o que há de mais recente em termos de tecnologia. Central multimídia compatível com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay, carregador de celular por indução, ar-condicionado inteligente e chave presencial com partida do motor por botão no painel são alguns dos mimos.

Falando em segurança, o novo modelo traz de série controle adaptativo com detecção de pedestres, frenagem automática de emergência, sensor de chuva, faróis inteligentes com ajuste automático do facho alto, controles de estabilidade e tração, sensor de fadiga do motorista e pode até receber um inédito par de câmeras que faz o papel dos espelhos retrovisores.

Isso sem contar o motorzão de seis cilindros turbinado, que pode chegar a 510 cv, e o câmbio automatizado de dupla embreagem administrando essa potência às rodas traseiras.

Esses detalhes podem remeter facilmente a um dos carros da linha esportiva AMG, mas trata-se do novo Actros, uma das atrações da Mercedes-Benz no Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas (Fenatran), realizado entre os dias 14 e 18 de outubro em São Paulo.













O caminhão fabricado em São Bernardo do Campo (SP) está alinhado ao modelo recém-lançado na Europa em praticamente tudo, com exceção da altura da cabine. O Actros brasileiro é mais baixo para não correr o risco de ficar entalado em túneis ou debaixo de pontes e viadutos em nosso território.

Principais novidades do Actros, as câmeras batizadas de MirrorCam substituem os espelhos retrovisores projetando as imagens externas em telas verticais de 15,2 polegadas fixadas nas colunas dianteiras. O motorista pode regular o ângulo das câmeras como se fosse um espelho convencional, com a vantagem de o recurso mostrar, por meio de gráficos, a posição ideal sem pontos cegos.

As telas ainda possuem linhas que mostram onde termina a carreta e o espaço em relação aos veículos de trás, indicando a distância mais segura para fazer uma mudança de faixa. As câmeras ainda se movimentam sozinhas em curvas ou em manobras de ré, para mostrar todo o implemento que está sendo rebocado.

Telas de 15,2 polegadas mostram área externa do caminhão em dois ângulos diferentes

Além de tornar mais fácil a condução do Actros, a MirrorCam também tem a finalidade de reduzir o consumo de diesel ao reduzir o arrasto aerodinâmico provocado pelos espelhos. Segundo a Mercedes-Benz, a economia de combustível pode chegar a 1,3%, dependendo do uso do caminhão. Parece pouco, mas essa diferença se torna considerável nas contas do proprietário por se tratar de um veículo que rodará centenas de milhares de quilômetros anualmente.

Rodamos de carona no novo Actros por um pequeno trecho da Rodovia dos Imigrantes, além de ruas e avenidas da Grande São Paulo. Durante o trajeto, o instrutor da Mercedes explicou o funcionamento das câmeras e de outros recursos do caminhão, entre eles o moderno controle de cruzeiro adaptativo preditivo.

Como nos automóveis, o sistema mantém uma distância pré-definida em relação ao veículo da frente. A tecnologia atua sozinha no acelerador e nos freios, podendo parar o caminhão totalmente sem a intervenção do motorista em caso de emergência, caso detecte um pedestre na via, por exemplo.

O recurso ainda se orienta por GPS para antecipar as respostas do motor e transmissão de acordo com a topografia da estrada. Por exemplo: se houver uma subida dois quilômetros à frente, o caminhão já sabe a faixa de rotação e as marchas ideais para seguir o trajeto da maneira mais eficiente possível.

Chegada a hora de testar a MirrorCam no percurso montado na Fenatran, é preciso escalar quatro degraus para acessar a cabine e assumir o volante do Actros, na nova versão 2045 4×2. O interior do caminhão chama a atenção pelo bom acabamento, com direito a volante revestido de material ecológico, painel bicolor com uma faixa em alumínio escovado e uma pequena geladeira (opcional) sob a cama de solteiro.

Outra herança dos carros da Mercedes é o par de telas de LCD de 10,25 polegadas, sendo uma o painel de instrumentos e a outra com funções da central multimídia e de recursos do caminhão. O sistema pode operar aplicativos de telemetria e planos de manutenção do veículo e de relacionamento do motorista com concessionária e transportadora.

A posição de dirigir é facilmente ajustada, uma vez que o Actros possui volante com regulagens de altura e profundidade. O banco do motorista conta com amortecimento pneumático e até ajustes das abas laterais. Com isso, é possível conduzir o caminhão durante horas sem cansar. Caso bata alguma sonolência, o sensor de fadiga entra em ação para sugerir ao caminhoneiro uma pausa para tomar um café e descansar.

Cabine do Mercedes-Benz Actros é espaçosa e confortável

Mesmo com os pulos da suspensão traseira, uma vez que não estava puxando implemento, o Actros é bastante confortável e dócil de guiar. A direção é bem leve para um veículo do seu porte e o isolamento acústico filtra com eficiência o ruído do enorme motor OM 460 de 13 litros posicionado abaixo da cabine.

Como num carro com chave presencial, a partida é feita pressionando o botão no painel. Basta engatar Drive no seletor giratório na alavanca na coluna de direção, esperar o freio de estacionamento ser liberado automaticamente e acelerar. O Actros arranca em sétima marcha e ganha velocidade com boa desenvoltura para um veículo do seu tamanho, enquanto a caixa automatizada faz todo o trabalho que antigamente exigia o uso constante do pedal da embreagem.

A transmissão ainda permite trocas manuais e possui os modos de condução Eco, para priorizar a economia de combustível, e Power, que muda as marchas em rotações mais elevadas em favor do desempenho (útil em ultrapassagens, por exemplo). Para auxiliar o motorista em trechos de descida, o câmbio também tem a função freio-motor, bastante eficiente no controle de velocidade e para poupar os freios em estradas de serra.

Fabricante informa que as câmeras favorecem a aerodinâmica e economizam 1,3% em combustível

Tivemos também a oportunidade de dar uma volta na versão topo de linha 2653 6×4 sem a MirrorCam, que serviu para comprovar e eficiência das câmeras. Embora os grandes espelhos cumpram bem o seu papel, eles não mostram certos ângulos do caminhão em manobras e ainda obstruem o campo de visão das colunas dianteiras.

O novo Actros será vendido em cinco configurações, com opção de tração 4×2, 6×2 ou 6×4. O motor OM 460 é padrão, com a potência variando de 450 cv, 480 cv e 510 cv, dependendo da versão.

A Mercedes-Benz diz que a MirrorCam custa o equivalente a 2% do valor do caminhão: R$ 11.700 no caso do modelo testado, a versão de entrada 2045 4×2 de R$ 585 mil. O Actros 2553 6×2 sai por R$ 680 mil, enquanto o topo de linha 2653 6×4 completo chega a R$ 715 mil.

Além do novo Actros, a Mercedes-Benz também apresentou na Fenatran o Atego 2730 6×4 autônomo, capaz de executar sozinho tarefas em operações confinadas de colheita e transbordo de cana-de-açúcar. Desenvolvido em parceria com a empresa de tecnologia para o campo Grunner, o caminhão pode trabalhar durante 24 horas nos trechos mapeados da lavoura sem praticamente nenhuma interferência do motorista.

A direção, controlada por um sistema que combina piloto automático, GPS e georreferenciamento, permite operar o caminhão ao lado das máquinas colhedoras de cana, também autônomas. A tarefa do motorista é, basicamente, definir a velocidade de operação do veículo e assumir a direção na etapa de descarregamento nas usinas de açúcar e álcool.

Embora execute praticamente toda a tarefa, a tecnologia não deixa o condutor se distrair durante o trabalho. Basta simular que está usando o telefone celular, fumando ou desviar o olhar do caminho por muito tempo para sensores alertarem o motorista. Câmeras instaladas na cabine e na carroceria mostram à gestão de frota, em tempo real, o que se passa dentro e fora do veículo.

O caminhão autônomo custa cerca de R$ 700 mil e é de uso exclusivo em plantações e usinas, uma vez que as bitolas alargadas, para as rodas não esmagarem a lavoura, não atendem às regras do Código Brasileiro de Trânsito.

Teste-drive a convite da Mercedes-Benz
Fotos: Divulgação / Fernando Favoretto e Estúdio Malagrine

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