Tempos difíceis para o pequeno varejo de autopeças

Mário Tonocchi

A velha máxima “vender o almoço para comprar o jantar” retrata como uma luva a situação das pequenas e médias revendedoras de peças e acessórios automotivos. A afirmação foi do gerente da Rei da Duque, da Avenida Duque de Caxias, em São Paulo, Sérgio Balboni. Há 20 anos no setor, ele assiste à disputa por fatias de mercado entre o concorrido varejo de autopeças, as concessionárias e o comércio ilegal. “Com a explosão da venda de carros novos, a indústria não produz artigos de reposição para os veículos mais antigos”, afirmou.
A Pesquisa Conjuntural do Pequeno Varejo (PCPV), da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), comprovou as dificuldades do segmento. Em novembro do ano passado, o último levantamento disponível, o pior desempenho entre os setores do varejo de São Paulo foi o das lojas de autopeças e acessórios. Apresentou queda de 24,7% no movimento em comparação com o mesmo mês de 2006. No acumulado de janeiro a novembro, as perdas foram de 19,8%. Um dos motivos apontado pela Federação é o crescimento da “comercialização de autos novos, reduzindo o serviço de manutenção.”

Não é bem assim. O diretor de Assuntos Institucionais do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa), Luiz Sérgio Alvarenga, estranhou o comportamento das pequenas e médias revendedoras de peças e acessórios. Segundo ele, o segmento de reparação fechou 2007 com faturamento de R$ 8,3 bilhões, crescimento de 7% em relação a 2006. Para ele, é inexplicável o fato de o comércio não ter acompanhado esse movimento. “Esperamos 10% de crescimento neste ano com a entrada no mercado de reparos de 2 milhões de veículos vendidos em 2006, que estão saindo da garantia”, afirmou.

“O mercado está aquecido em 2008, e as montadores pressionam as indústrias de autopeças. O comércio está com dificuldade para encontrar produtos”, disse o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo (Sincopeças-SP), Antonio Fernando Monteiro.

A realidade das revendas maiores é diferente: vendem grandes volumes e usam o marketing para divulgar as atividades. A explicação é de André Gandra, gerente da Mercadocar, rede de três lojas na Grande São Paulo, uma delas 24 horas, que trabalha com 30 mil itens. “Oferecemos atrativos para o cliente. O horário diferenciado é um deles.”

Fonte: Diário do Comércio