Teste de veículos: uma pista para todos

Fernando Calmon

Planos de manutenção preconizados pelas fábricas de veículos e executados em concessionárias em geral incluem um teste final por ruas e avenidas. Trata-se de uma providência importante como condição de avaliação dos serviços executados. Em algumas operações, normalmente aquelas que implicam substituição de peças e componentes, é indispensável.

Sair com os carros dos clientes, mesmo tendo cobertura de apólice de seguro total, sempre traz riscos. Por mais cuidadoso que o piloto da oficina seja ao conduzir carros de terceiros, não se está livre de situações fortuitas. Dessa forma, é comum estudar o percurso e procurar locais menos movimentados. Nem sempre se consegue. Em grandes cidades, está cada vez mais difícil encontrar um trajeto que permita análises objetivas e subjetivas, a fim de validar revisões, consertos e ao mesmo tempo garanta rapidez, diversificação de traçado e segurança de rodagem.

Esse problema foi resolvido na cidade americana de Naperville, de cerca de 150.000 habitantes, na região metropolitana de Chicago, a rica capital do Illinois. Esse estado elegeu o senador Barack Obama, que iniciou uma carreira fulminante até a presidência atual dos EUA. Naperville é um primor de organização. Construiu as primeiras instalações no país, de propriedade da comunidade interessada, a permitirem testes seguros de carros de passageiros, picapes e utilitários esporte em ambiente fechado.

A pista foi projetada para reproduzir as condições reais de utilização. Há um pouco de quase tudo: asfalto rodoviário, cruzamento de estrada de ferro, asfalto comum e de vias periféricas, pavimentação em pedras, trechos desnivelados, círculo de derrapagem (skid pad). Para utilitários, previram-se espaços de subidas e de terreno rude.

Inaugurada no começo de 2008, a primeira iniciativa do gênero nos EUA – talvez no mundo – foi muito bem planejada. A idéia surgiu em 2002 como uma solução para evitar viagens de teste com veículos dentro de áreas residenciais e comerciais. A cidade contratou um consultor que começou a estudar o projeto em meados de 2004. Os concessionários da região foram chamados e indicaram as características ideais que a pista deveria oferecer. Em seguida, os proprietários concordaram em participar da nova sociedade e partilhar os custos de implantação, operação e manutenção das instalações.

Em maio de 2006 iniciaram-se as obras. No primeiro momento 10 concessionárias aderiram e outras duas, logo em seguida. Além de representantes das marcas americanas, européias (Mercedes-Benz e Audi) e asiáticas (Toyota, Nissan e Mazda) também deram apoio à iniciativa. É possível alugar a pista de teste. Ela está aberta à comunidade de Naperville e redondezas, mediante agendamento, e poderá ainda servir para programas de avaliação de carros novos e usados dos clientes das lojas. Os sócios, claro, têm prioridade.

Outras cidades já visitaram o empreendimento objetivando aprender com essa iniciativa de sucesso e de possível reprodução em muitas outras localidades. Naperville deu um belo exemplo de parceria, urbanidade e de preocupação com a segurança no trânsito.
Fonte: Automotive Business