Tudo que você precisa saber antes de comprar um carro elétrico no Brasil

Fonte / Quatro Rodas

Mesmo com a pandemia, o Brasil anotou 7.568 eletrificados no primeiro semestre de 2020, mais que o triplo do registrado no mesmo período de 2019, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Apesar desse avanço, ainda existem muitas dúvidas em relação ao uso desse tipo de veículo.

Se ele der problema no meio da rua, o que o motorista deve fazer? Como saber se as baterias estão boas? E se ele ficar parado muito tempo, pode estragar? A seguir, reunimos algumas respostas para essas e outras dúvidas a respeito do assunto.

E se acabar a energia da bateria?

Se o seu carro totalmente elétrico ficou sem carga, aja como se fosse um carro normal a combustão. Como eles são veículos automáticos, destrave o câmbio e empurre-o até um local seguro e ponha o triângulo na pista se esse local for a via ou o acostamento.

O desbloqueio da transmissão geralmente é feito através de uma fenda ao lado da base da alavanca, onde é possível introduzir uma chave. Na dúvida, consulte o Manual do Proprietário.

A bateria fica viciada?

Isso é coisa de celular das antigas. As baterias de íon de lítio dos carros não têm mais o chamado efeito memória. O que acontece é que um banco de baterias é composto de vários módulos. Se um estiver “menos eficiente” ou mais “envelhecido” que o outro, o sistema vai balancear as células e equilibrar essa carga, pois uma parte pode demorar mais para carregar que a outra.

Por essa razão, os carros costumam chegar rapidamente aos 80% de carga. A partir daí, o processo para chegar a 100% é mais “demorado”, justamente porque algumas partes carregam mais lentamente.

Como saber se as baterias estão boas?

As concessionárias – e algumas oficinas independentes – já têm um equipamento que faz uma análise das baterias. O aparelho realiza uma diagnose e puxa parâmetros do estado das peças, que podem direcionar para uma eventual manutenção.

Para quem pensa em comprar um elétrico híbrido ou seminovo, essa pode ser uma solução para se ter mais segurança antes de fechar o negócio.

Como preservar a bateria?

Para aumentar a vida útil da bateria, deve-se atentar para o modo de dirigir. A energia demandada nos elétricos é muito maior em acelerações e frenagens. Por isso, evite arrancadas e paradas bruscas. Viu o semáforo vermelho? Tire o pé do acelerador com antecedência, até porque essa desaceleração ajuda a recuperar energia.

E se o carro elétrico ficar parado muito tempo?

“Carro elétrico não é feito para ficar parado. É para ficar o tempo todo sendo usado, sob pena de prejudicar a saúde das baterias”, adverte o engenheiro  Ricardo Takahira. Ele lembra que os componentes eletrônicos devem ficar constantemente energizados. Por isso, a recomendação é de que ele não só seja ligado como ande pelo menos uma ou duas vezes na semana.

Mas se o carro elétrico ficar parado…

O ideal é que, se for ficar com o carro elétrico parado, estacione-o com pouca carga. A energia acumulada e parada vai afetar as baterias – lembra do que acontece quando você esquece as pilhas do brinquedo do seu filho dentro do compartimento… E, apesar de os plugues terem sistemas avançados de segurança, não deixe o veículo na tomada sem necessidade.

 

Esqueci a luz interna e os faróis acesos. E agora?

Esses itens geralmente são alimentados por uma bateria normal, de 12 V, que é responsável pelos periféricos do automóvel. Mas aqui vale um alerta: nada de fazer a chupeta de híbridos e elétricos em veículos a combustão. A bateria de 12 V dos eletrificados não costuma ter capacidade para alimentar o motor de arranque do outro veículo.

Dá para encarar enchente com carro elétrico?

Sim. A dica de evitar trechos onde a água esteja acima da metade da roda vale para todos os veículos, inclusive os eletrificados. Mesmo assim, o elétrico leva vantagem, pois não tem escapamento, então não aspira água. Mas tenha certeza de que o carro não vai dar choque nem entrar em curto-circuito por causa da chuva.

O conjunto de baterias é selado e à prova de infiltrações. Além disso, há um dispositivo de segurança que corta a corrente em caso de acidentes ou se o sistema perceber a entrada de água. Outros equipamentos são vulneráveis a alagamentos como em qualquer carro…

Pode carregar o carro se estiver chovendo? Ou perto de crianças?

Sim, o sistema é bastante seguro. Os cabos do carregador e os demais componentes são preparados para proteger o usuário de um choque elétrico e até resistem a um jato de água direcionado – e em qualquer condição meteorológica.

Esqueci o conector ligado e arranquei com o carro. E aí?

carregador nissan leaf

Na verdade, essa situação é praticamente impossível. O sistema de carregamento trava o carro e nenhum elétrico consegue sair do lugar se ainda estiver na tomada. Geralmente, é preciso destravar o soquete de dentro da cabine do veículo ou pela chave – até como segurança para evitar que alguém furte o carregador.

Dá para consertar o conjunto de baterias?

Como as baterias têm níveis de desgaste distintos, até é possível fazer um rearranjo das células que melhore a performance do conjunto. Ou seja, se redistribui os componentes para equilibrar as forças e ganhar mais metade da vida útil das baterias, o que financeiramente já seria vantajoso – lembre-se que um banco novo de baterias pode custar mais que o preço do carro usado.

“As células envelhecem de maneira diferente. É possível reagrupá-las de uma forma que melhore a performance por agrupamento”, explica Takahira. Porém, isso só pode ser feito em oficinas especializadas e por profissionais capacitados.

As baterias do híbrido já eram…

Dá para continuar rodando com o veículo que combina os dois motores, obviamente só com o a combustão. A questão é que a eficiência do carro vai ladeira abaixo… Isso porque, além de não ter o apoio do propulsor elétrico, o automóvel continua com o peso extra (e considerável) das baterias.

Descarte

A legislação hoje estipula que a montadora ou o importador assumem automaticamente a responsabilidade pelo descarte das baterias, algo de extrema preocupação ambiental. Geralmente, as empresas pagam a outras para que deem uma destinação correta.