Um mercado sem emoção, mas rico e produtivo

Abê
Joel Leite

Quando se fala em crescimento da indústria automobilística a idéia é de que o brasileiro está tendo mais acesso ao carro, trocando o seu usado por um novo, mudando de categoria, investindo em modelos mais potentes, confortáveis e sofisticados. Isso é verdade. Mas o balanço do semestre mostra que não é só a venda de carros de passeio que está avançando. Os veículos de trabalho, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas, tiveram um impulso extraordinário neste ano, com aumentos de venda ainda maiores do que os dos automóveis.
Todos os segmentos cresceram bem acima da média do mercado total, que foi 30,2%. O agronegócio em especial incrementa as vendas de colheitadeiras e cultivadoras, que cresceram 65% e também as de tratores de rodas, que tiveram aumento de 47,7%.

A construção rodoviária, ruas, estradas, anéis e demais obras viárias, foi responsável por grande parte do aumento de vendas no setor. Veja os números: os tratores de esteiras, usados para compactação do solo, terraplenagem e remoção de terra, tiveram um crescimento de 77,7% no semestre; as retro escavadeiras, usadas na escavação do terreno, venderam 80,9% a mais.

Na média, o setor cresceu 52,4%, bem acima, portanto, das vendas de carros de passeio e picapes.

O setor de veículos para o trabalho cresceu basicamente por causa dos incentivos governamentais centralizados no Moden Frota, sistema desenvolvido para a renovação da frota com financiamento em condições especiais do BNDES.

Na esteira do sucesso de vendas, as fábricas de máquinas, caminhões e ônibus investem na ampliação da produção. Na semana passada foi a vez da Volkswagen anunciar a ampliação de produção de caminhões e ônibus em Resende, no Rio de Janeiro, gerando 1.300 empregos diretos a mais entre os contratados da própria empresa e dos parceiros que participam do chamado Consórcio Modular. A montadora vai investir

R$ 50 milhões este ano e atingir 300 veículos por dia (hoje produz 240).

Para o ano que vem, o setor poderá contar com um bom empurrão do governo federal, com o incremento do programa Agricultura Familiar, o que deverá proporcionar a venda de 20 mil unidades de máquinas agrícolas para pequenos agricultores e cooperativas.

São veículos caros. Uma colheitadeira custa entre R$ 400 mil e R$ 500 mil, o preço de um Lamborghini ou uma Ferrari F50.

É um mercado menos emocionante, mas certamente é o que mais promove o desenvolvimento econômico.

Fonte: Diário do Comércio