Stellantis: carros elétricos feitos no Mercosul só com apoio

Por / Fonte: Automotive Business

Com cinco fábricas próprias de automóveis no Mercosul, a Stellantis bem que poderia fabricar carros elétricos por aqui, não é mesmo? Não exatamente. Carlos Tavares, o CEO da quarta montadora do mundo, mandou um recado para os governos de Argentina e Brasil.

Embora a Stellantis tenha dito que não irá fechar fábricas e nem demitir, diferente da Ford, a região não deve passar por uma mudança radical que aproveite a capacidade instalada para iniciar a eletrificação na região.

Tavares afirmou que sem ajuda dos governos locais, não há como produzir carros elétricos na região. O executivo português ponderou: “A eletrificação traz expressivos aumentos de custos e isso coloca as empresas em risco, seja porque elas reduzem suas margens para não perder mercado, ou, porque precisam aumentar os preços e assim perdem clientes. Mas o fato é que veículos elétricos não são acessíveis hoje à maioria da população. Então a questão é como os governos locais querem lidar com essa situação”.

O chefe da Stellantis ainda ponderou que seguir um modelo europeu ou chinês também não é totalmente seguro, visto que “é preciso lembrar que as políticas nacionais também precisam assegurar a liberdade de mobilidade de acordo com as aspirações de seus cidadãos”.

Nesse caso, Tavares entende que a região não tem poder de compra para gerar demanda suficiente para produção local. Ele explica: “É uma decisão política que as montadoras não podem tomar. Nós trazemos as soluções, temos as tecnologias necessárias, capacidade de produção e rede de distribuição. Mas a pergunta é: os clientes podem pagar por esse tipo de mobilidade?”

Stellantis: carros elétricos feitos no Mercosul só com apoio

Ele mesmo respondeu à questão: “No momento não vejo que essa seja uma tecnologia que pode se espalhar pelo mundo todo de forma tão ampla, porque a maioria da população mundial não tem poder de compra para pagar esses preços”. Ou seja, não há interesse velado da Stellantis por uma eletrificação regional no momento e isso tem razão de ser.

No Brasil, pelo menos, a indústria do álcool deve continuar influenciando para a manutenção do modelo de combustível alternativo por um bom tempo ainda, enquanto os principais mercados do mundo mergulharão na eletricidade.

É evidente que uma hora, o país terá de ceder, visto que após 2035, a produção de motores a combustão pode simplesmente cessar nos EUA, Europa, China e Japão.

Assim, tal como dos carros elétricos agora, o custo para se justificar a manutenção desses motores aqui pode ser alta demais para empresas que já terão a energia como filosofia de trabalho. Então, vamos esperar…