Cadillac vai ostentar torque “inflacionado” em novos modelos

A Cadillac, marca de luxo da General Motors, já prometeu lançar um modelo inédito ou reformulado a cada seis meses até 2021, e agora anuncia que vai alardear o torque — e não a capacidade ou a potência — no exterior de vários carros da gama.

O anúncio foi feito por Steve Carlisle, presidente da fabricante, cujo quartel-general está sendo transferido de Nova York para Detroit — um sinal de que a Cadillac precisa prestigiar seus departamentos de desenvolvimento, pesquisa e engenharia, que nunca saíram da cidade.

O primeiro carro a ser colocado à venda é o SUV médio XT6, apresentado em janeiro no Salão de Detroit e que chegará ao mercado como ano-modelo 2020.

O XT6 tem sete lugares, versões que variam de US$ 53,6 mil a US$ 58 mil, e motorização 3.6 V6 de 310 cavalos.

Emblema com o 400 que representa o torque do XT6 em Nm (e arredondado para cima)

Emblema com o 400 que representa o torque do XT6 em Nm (e arredondado para cima)

Será o primeiro Cadillac a trazer na carroceria um emblema citando o torque — mas na notação em Newton-metro (Nm), que não é comumente usada nos Estados Unidos (a norma é libra-pé) nem no Brasil (geralmente descrito em kgfm).

Carlisle explicou à imprensa de Detroit que a opção por Nm deve-se ao caráter global da Cadillac, o que soa como um certo exagero, já que a marca tem pouca penetração fora dos Estados Unidos.

O mais provável é que a escolha seja para colocar um número absoluto maior: o XT6 tem torque de 271 libras-pé, equivalentes a 367 Nm (e a 37,4 kgfm). Forçando um pouquinho mais a barra, a Cadillac vai arredondar os valores para a próxima meia centena (de 50 em 50).

Resultado: o XT6 chegará às lojas com o número 400 grudado à carroceria (em vez de, digamos, 270).

No Brasil, o Volkswagen Polo traz em algumas versões o emblema 200 TSI, também baseado no torque — e também contraintuitivamente, já que no mercado local, como dito acima, a notação em kgfm é mais comum.

Tecnicamente, faz sentido destacar o torque (grosso modo, a força) do carro, em vez de potência e/ou capacidade, especialmente porque a futura eletrificação da gama significará o fim da chamada “curva de torque”.

Num motor elétrico, o torque máximo está disponível imediata e constantemente, enquanto no motor a combustão ele varia nas faixas de rotação e só pode ser considerado em termos relativos (ou seja, num gráfico torque vs. rpm).

Imagens: divulgação

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