Doria diz que há três empresas interessadas na Ford de São Bernardo

O governador de São Paulo, João Doria, afirmou nesta terça-feira, 26 que já recebeu três consultas de fabricantes de caminhões e automóveis para a fábrica da Ford em São Bernardo do Campo. Na semana passada, a montadora anunciou o fechamento da planta, o que pode levar a demissão de 27 mil pessoas contando toda a cadeia produtiva, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A ideia do governo é vender a fábrica para outra empresa de automóveis. Em entrevista à rádio Bandeirantes, ele disse que está em um “um bom caminho de encontrar um comprador”.

“Posso antecipar a vocês que já recebemos três consultas de fabricantes de caminhões e automóveis, e que oportunamente nós tornaremos público estas intenções”, disse.

Doria também confirmou que a ideia é manter os empregados até novembro. “Antes disso, muito provavelmente encontraremos comprador para as instalações e a manutenção dos empregos que são ali gerados”, acrescentou.

Em nota, a montadora explicou que a decisão veio como “parte da ampla reestruturação de seu negócio global” e cita outras ações desse plano, como o encerramento da produção do carro Focus na Argentina. Segundo a montadora, existe uma ênfase na produção de SUVs e picapes, que vêm tendo preferência pelo consumidor. 

Na planta de São Bernardo do Campo são produzidos caminhões e automóveis do modelos F-4000, F-350 e Fiesta. Como a Ford decidiu encerrar a fabricação desses segmentos, a empresa entendeu que não faria mais sentido manter as atividades no local.

A parte administrativa, no entanto, seguirá na cidade.

Protesto dos trabalhadores

Esta terça-feira também contou com protestos dos trabalhadores em frente à instalação. Após assembleia na porta da fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, sob forte chuva, trabalhadores da Ford realizaram uma passeata até a prefeitura da cidade.

O objetivo é mostrar à população o que está ocorrendo após o anúncio da empresa de fechar a fábrica .O presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, disse que a direção mundial da Ford confirmou um encontro com dirigentes sindicais no dia 7 de março, nos Estados Unidos.

“Não tem retorno ao trabalho por enquanto, vamos manter a fábrica parada. A mobilização continua e a cada dia haverá nova atividade. Vamos também manter nossa articulação com governos e todas as instâncias que possam ajudar a reverter essa decisão”, disse Santana.

O sindicato também inicia uma campanha para que ninguém compre carros da marca até que essa situação seja resolvida.

Encontro com o governo federal

O dia foi movimentado sobre a questão. Além do governador e dos funcionários, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, também falou sobre assunto.

Morando se encontrou com o secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec), Carlos da Costa, em São Paulo. “Foi de extrema importância este retorno do secretário, entendendo toda a gravidade em torno do cenário. Enquanto houver condições de brigar e abrir mecanismos para reverter esta situação imposta aos trabalhadores, vamos buscar”, destacou o prefeito.

Costa seguiu a mesma linha, destacando a necessidade de responsabilidade da empresa em questões como essa. “Eventualmente uma empresa pode enfrentar dificuldades, tomar suas decisões de economia de mercado. Respeitamos. No entanto, precisa ser feito com responsabilidade. Vamos marcar uma reunião, além dos estudos que já temos feito”, comentou o secretário.

Prefeito e sindicato têm uma reunião marcada para a próxima quarta-feira, 27, segundo o sindicato.