Matriz da Ford nos EUA confirma fechamento de fábrica em SP, diz sindicato

A direção mundial da Ford não vai voltar atrás na decisão de fechar a fábrica em São Bernardo do Campo, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A entidade divulgou a informação nesta terça-feira, 11, em uma assembleia com os funcionários.

Na semana passada, três trabalhadores tiveram uma reunião com o alto escalão da montadora, na matriz da empresa, em Dearborn, nos EUA. O objetivo era tentar convencer a direção mundial da empresa da importância da unidade em São Bernardo do Campo (SP).

“Apresentamos vários argumentos para a manutenção da planta. Reforçamos a versatilidade da mão de obra, já que pelo acordo feito com o sindicato aqui estão os únicos trabalhadores em montadoras que atuam tanto na linha de automóveis como na de caminhões. Destacamos também o quanto nossa fábrica é moderna, nosso nível de automação, e também lembramos o impacto social que representaria o fechamento. Mas a resposta foi que a empresa não recuaria da decisão”, explicou o coordenador do Comitê Sindical (CSE) na Ford, José Quixabeira, conhecido como Paraíba.

O governo de São Paulo já começou a negociar uma possível venda da fábrica para outra empresa, desde que mantenha os empregados. Segundo os sindicalistas, a Ford confirmou na reunião a existência de três grupos interessados na planta. No entanto, não foram revelados quais são eles.

A reunião marca um ponto de virada no comportamento do sindicato. Até agora, o objetivo principal era evitar o fechamento da fábrica. Mas, com a confirmação da direção global, parte dos sindicalistas já começa a se movimentar no sentido de buscar participação mais ativa nas negociações de venda da planta. “Com esse posicionamento, deixamos claro que temos de estar presentes na mesa de negociação. A partir de agora estamos em luta pela manutenção dos empregos nesta planta. Não importa quem é o patrão. O patrão vai, mas os empregos ficam”, disse o presidente do sindicato, Wagner Santana.

Ao final da assembleia nesta terça-feira, os trabalhadores decidiram manter a mobilização iniciada em 19 de fevereiro, data em que a empresa anunciou o fechamento da unidade ao sindicato. A paralisação continua até a próxima quinta-feira, 14, quando os metalúrgicos terão novo encontro em frente à fábrica.

No anúncio do fechamento da fábrica, no dia 19 de fevereiro, a Ford explicou que vai encerrar sua atuação no segmento de caminhões na América do Sul e deixar de comercializar os modelos Cargo, F-4000, F-350 e Fiesta, produzidos apenas na fábrica paulista. O motivo, segundo a empresa, é a “ampla reestruturação de seu negócio global”.