Compartilhamento de motos começa a surgir no Brasil

Triumph Tiger 800 XRX (Foto: divulgação)

 

O serviço de compartilhamentos de carros chegou ao Brasil em 2009, e desde então só tem crescido. O interesse pelo modelo de negócio é confirmado por um estudo da consultoria americana Frost and Sullivan, que aposta que até 2025 aproximadamente 18 milhões de pessoas farão uso desse tipo de serviço no mundo. Pudera, ao considerarmos as facilidades como a isenção dos custos de IPVA, de seguro e de manutenção, parece que a única tarefa ainda difícil é a do desapego do “amigão” estacionado na garagem. Não demorou muito para a ideia chegar ao mundo das motocicletas. Mas será que essa mesma fórmula pode dar certo no universo das duas rodas? Se depender da 4Ride Motorcycle, uma empresa recém-criada para compartilhar motos, a resposta é sim.

 

A empresa foi criada por Gustavo Carvalho, um apaixonado por motocicletas que tinha uma moto que passava mais tempo na garagem do que rodando. O empresário diz que tal situação também acontecia com alguns amigos, e por isso decidiu fundar a 4Ride, apresentada no último Salão Duas Rodas, em novembro de 2017. “A ideia também surgiu da minha vontade de ter diversas motos. E então eu acabei investindo nessa paixão. Ao longo dos anos, vi amigos que compraram vários modelos no impulso, mas depois venderam por não utilizá-las. Quando se tem família, trabalha muito e mora em cidades como São Paulo fica difícil sair para acelerar todos os finais de semana. Por isso, compartilhar me pareceu uma opção interessante”, revela Gustavo Carvalho, dono da 4Ride Motorcycle.

BMW R 1200 GS (Foto: divulgação)

 

A 4Ride oferece motos para seus clientes em forma de cotas, divididas em três “clubes”. E por um período de dois anos, que é o mesmo tempo da garantia de fábrica dos veículos. Nos valores estão inclusos 25% do valor das motocicletas, o emplacamento e a documentação (IPVA / DPVAT / licenciamento), além de protetores de carenagem e do motor, quando necessário, e instalação de rastreador. Para poder participar é preciso ter mais de 30 anos, CNH de moto e mais de três anos de experiência na categoria acima de 600cc. A experiência pode ser substituída por um curso de pilotagem indicado pela empresa. O investimento para participar de um dos clubes é de aproximadamente 1/4 do valor de cada bem. Confira abaixo os exemplos:

O Clube “Easy Rider”, por exemplo, que disponibiliza uma Triumph Tiger 800 XRX, uma clássica Triumph Bonneville T120, uma BMW F800 GS, uma Ducati Monster 797, uma Harley-Davidson 1200 Custom e uma Triumph Tiger 800 XCX, custa R$ 12.500.

Já o Clube “Road Trip” que oferece uma BMW R1200 GS, uma Triumph Tiger Explorer 1200, uma Harley-Davidson Road King, uma Ducati Multistrada 1200 e uma Harley-Davidson Fat Boy Special, tem preço a partir de R$ 19.500.

Enquanto o Clube “Old School”, com valores iniciais de R$ 27.500, hoje conta apenas com uma Harley-Davidson Electra Glide Ultra Limited, uma vez que as estilosas Indian Motorcycle não serão mais importadas.

Harley-Davidson Electra Glide Ultra Limited 2017 (Foto: divulgação)

 

“Nós aplicamos o conceito da propriedade compartilhada, hoje utilizada para diversos outros bens de consumo, e unimos esse conceito ao de um clube. O proprietário investe pelo menos 25% do valor de uma moto em um sistema de cota, e pode utilizar o modelo que escolheu. No final de dois anos, vigência das cotas e prazo da garantia das motocicletas, o cotista tem a opção de compra ou de receber os 25% do valor da venda. A quantia recuperada poderá ser reinvestida para a aquisição de uma nova cota, e para o cliente deverá pagar a diferença para o novo plano, ou pode ficar com o dinheiro.”, explica Gustavo.

Por regra, o compartilhamento é dividido no máximo com até quatro pessoas, e cada integrante utiliza a moto por uma semana completa de cada mês, que sempre inclui um final de semana. Se o “clube” tiver apenas três usuários, por exemplo, o período é redimensionado. Os custos de depreciação e de documentação também são divididos.

Quem já usou o serviço

“Eu conheci a 4Ride pelo Instagram depois de voltar de uma viagem ao Chile, onde aluguei uma moto e gostei da experiência. Curti a proposta da empresa porque não precisava da moto todos os dias e não queria me preocupar com manutenção”, conta Edson Nichi, de 38 anos. O gerente de TI participa do Clube Easy Rider, com uma Triumph Tiger XRX 2017/2018. Seu investimento inicial foi de R$ 14 mil, já com seguro incluso por um ano.

Já o motociclista Marcus Alencar, de 39 anos, conta que depois que casou, se tanto, utilizou sua moto apenas uma vez por semana. O administrador de empresas diz considerar o capital investido, e pensa até em vender o carro para andar de Uber. Para ele, a 4Ride resolveu questões como manutenção, lavagem e entrega da moto em casa.

“Eu sou cotista da empresa desde fevereiro, e ando de BMW R1200 GS, hoje com três participantes. Além das facilidades, uma das maiores vantagens que vejo é a cobertura completa da seguradora, além da garantia de motor e câmbio. Meu investimento inicial foi de R$ 21.600. No final do plano, pretendo renovar o contrato para pegar outra moto, porque eu não quero mais comprar outra nova para deixá-la na garagem, a menos que eu vá trabalhar longe de casa, ou em outra cidade”, conta Alencar.

Triumph Bonneville T120 (Foto: divulgação)