Teste rápido: Volkswagen ID.3, Fusca da era elétrica, está mais para Golf

Reportagem Lorenzo Facchinetti / Tradução e edição Flávio Silveira

Motor Show – 21/10/2020

Há quem o compare o Volkswagen ID.3 ao Fusca por causa do significado histórico: se o primeiro foi o símbolo do renascimento industrial da Alemanha pós-guerra, o novo Volkswagen elétrico é um marco da revolução elétrica da Volks, pois estreia a plataforma MEB, que servirá a muitos modelos VW, Audi, Seat, Skoda… e até Ford!

Posso comparar o Volkswagen ID.3 ao Fusca também por causa do motor e tração traseiros. A unidade elétrica de 204 cv e 31,6 kgfm fica no eixo posterior, e isso garante vantagens dinâmicas indiscutíveis: distribuição de peso ideal, maior liberdade de direção para as rodas dianteiras (raio de giro igual ao do Polo) e uma direção limpa e cristalina.

Ao volante
Tudo pelo prazer de dirigir, sensação que o Volkswagen ID.3 entrega com seu equilíbrio invejável: faz curvas bem, acelera gradualmente, e, como a frente direciona o carro, seu volante não mostra reações inesperadas. Bem diferente do elétrico “all-forward” (“tudo na frente”), no qual a direção luta com doses consideráveis ​​de torque descarregados no solo.

A “puxada” é a esperada de um carro a bateria dessa potência – instantânea, mas não brutal. Chega a 100 km/h em 7s3, e a máxima é de 160 km/h para poupar autonomia.

Os freios são adequados na modulação e mordida, e a posição B, para regenerar energia, é bem calibrada: a intensidade da desaceleração deixa usar o pedal da esquerda só em frenagens fortes – e sem desencadear o incômodo efeito elástico típico.

Neste primeiro teste, o Volkswagen ID.3 fez uma média de 6,53 kWh/km em rota mista. A autonomia inicial, com 95% de bateria, era de 330 quilômetros, contra declarados 426 quilômetros. Isso na versão Pro Performance, de 58 kWh. Quem roda mais pode optar pela Pro S, com 549 quilômetros de autonomia e recarga em corrente de 125 kW (100 kW na Pro).

A cabine
A cabine agrada pela leveza. Espaço e visibilidade são ótimos, graças às janelas generosas e à colunas finas e inclinadas, que não criam pontos cegos. Espaço não falta, pois o entre-eixos é de 2,77 m – só 2 cm menos que no Passat, apesar do comprimento de 4,26 m, só 2 cm menos que no Golf.

Aliás, o porta-malas dos dois é quase igual em tamanho: são 385 litros. Mas os materiais não são os mesmos: além de muito plástico rígido por toda parte, exceto no centro do painel, não há elementos de acabamento – como detalhes de tecido – para enriquecer um pouco a impressão geral.
Mas não dá para criticar a funcionalidade: o túnel central tem muitos porta-objetos, e a tela multimídia é bem desenhada. O display de 5,3” integrado à coluna de direção é fácil de ler em qualquer condição e mostra, claramente, o necessário: velocímetro, autonomia, navegação e sistemas de assistência. Para dados detalhados, a tela central de 10,1” tem interface fácil de assimilar.

Já disponível para encomendas no mercado europeu, com entregas no primeiro trimestre do ano que vem, o Volkswagen ID.3 com bateria de 58 kWh tem seis configurações entre € 38.900 a € 48.200. A versão Tour de 77 kWh custa € 48.900, enquanto o ID.3 de 146 cv com bateria de 45 kWh (330 km de autonomia) chega no próximo ano para cumprir a promessa inicial: preço de € 30 mil (R$ 185 mil). No Brasil, o ID.3 deve aparecer no fim de 2021, provavelmente na faixa acima de R$ 200 mil.